Título: Garotinho volta a atacar promotores
Autor: Rocha, Carla; Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 06/03/2010, O País, p. 4

MP, em nota, repudia insinuações de interesse político por trás de denúncia

Um dia após o Ministério Público estadual divulgar que a Justiça aceitou nova acusação de improbidade administrativa contra o casal Garotinho, o ex-governador voltou a atacar os promotores de Justiça e o governador Sérgio Cabral (PMDB). Em resposta, o Ministério Público estadual divulgou nota repudiando as insinuações de Garotinho de que a ação foi motivada por interesse político ou perseguição pessoal.

Na nota, o MP afirma que a ação, já aceita pela Justiça, ¿está baseada em elementos probatórios constantes em diversos inquéritos civis colhidos durante cerca de quatro anos de investigação e trabalho dedicado e embasado dos promotores, que concluíram pela necessidade de ajuizamento da referida ação¿.

Ex-governador diz que há ¿impressão digital¿ de Cabral Mantendo a posição de só se pronunciar por meio de seu blog, Anthony Garotinho se disse vítima de perseguição, com ¿motivação eleitoreira¿, que ¿fere os princípios do Direito¿.

Ele afirmou ainda estar indignado com a ¿armação suja¿ que estaria sendo engendrada contra ele. Segundo Garotinho, há ¿impressão digital de Cabral¿ por trás da ação.

O ex-governador questionou ontem o motivo de Carlos Alberto Muniz e Eduardo Damian, que assinaram os cheques de devolução do dinheiro doado à sua pré-campanha em 2006 pelas empresas Teldata, Emprim e Inconsul, não terem sido citados na ação.

Muniz, vice-prefeito do Rio, e Damian, chefe de gabinete da Secretaria de Governo do Estado, eram na época membros da comissão especial de arrecadação do PMDB.

Os promotores que cuidam do caso explicaram que, nesse ponto, optaram por acusar quem se beneficiou do esquema.

No caso, Garotinho.

Pela manhã, o ex-governador voltou a dizer que ¿outras duas (ações) iguais já foram encaminhadas à Justiça, que decidiu pela extinção, tendo em vista que não se sustentavam¿.

As decisões citadas por Garotinho, no entanto, não são definitivas e, em uma delas, já há recurso do MP. O pedido de retirada dos nomes de Anthony e Rosinha Garotinho do processo se dá por uma interpretação jurídica sobre quem deveria investigar o casal, os promotores ou o procuradorgeral de Justiça ¿ já que autoridades políticas, como governador, prefeito e deputados têm foro privilegiado e não podem ser julgados em primeira instância.

O atual procurador-geral de Justiça, Cláudio Lopes, afirma que as duas ações que estão sendo questionadas pelo exgovernador foram feitas pelos promotores porque tanto Garotinho quanto Rosinha já haviam deixado a administração estadual e, portanto, não tinham mais foro privilegiado.