Título: Oportunidades no setor de informática
Autor: Batista, Henrique Gomes; Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 05/03/2010, Economia, p. 29
África entra no radar das corporações nacionais
A expansão das empresas brasileiras no exterior também virá de firmas de menor porte. Segundo Luís Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), o setor de informática nacional é um dos que tem maior potencial para viver uma forte internacionalização a partir deste ano, seja via fusões ou com novas instalações. Muitas poderão ir no rastro de empresas maiores, a quem já prestam serviços no Brasil.
- O mais interessante é que vamos ver um processo de internacionalização de empresas que historicamente não são tão grandes - afirma.
O setor está vivendo um bom momento no país e passa por uma consolidação no mercado interno. Grandes players começam a se firmar. O BNDES acredita, inclusive, que o Brasil tem potencial para, em 2012, ser o segundo maior exportador de softwares do mundo, atrás apenas da Índia. Vantagens como fusos horários mais compatíveis com a Europa e os Estados Unidos são as armas brasileiras - muitos serviços têm de ser realizados em tempo real e a Índia, em outro hemisfério, perde competitividade.
A internacionalização das empresas brasileiras, em todos os setores, deverá ganhar também nova feição geográfica. Lima, da Sobeet, acredita que a América Latina, por proximidade geográfica e cultural, é a região que, naturalmente, tende a atrair mais os investimentos brasileiros. Entretanto, fontes do governo e do BNDES avaliam que a África pode despontar como um novo forte destino.
Diversos países do continente africano repetem o modelo de industrialização vivido pelo Brasil nas décadas de 60 e 70: exigem parte de conteúdo nacional às empresas que pretendem explorar os mercados locais.
Este novo movimento pode inverter uma tendência: a cautela na escolha dos locais de investimentos. Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) indicam que, entre 45 empresas que buscaram a fundação para se internacionalizar, 38% foram para Europa, 35% para os EUA, 21% para a Ásia e apenas 6% para outros mercados.
- Há um movimento de ir para os países ricos, bons pagadores. As empresas brasileiras não buscam risco, e sim elevar seu fluxo de caixa - diz Istvan Kasznar, do Núcleo de Inteligência e Informações das Multinacionais (NIIM) da FGV. (Henrique Gomes Batista e Danielle Nogueira)