Título: Lula: só recebi Hillary por deferência
Autor: Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 10/03/2010, Economia, p. 24

Presidente diz que encontro com secretária americana ocorreu apenas porque Amorim pediu

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o país precisa selivrar do complexo de "vira-latas" e que não pode mais ser tratado como"um lixo". Segundo Lula, uma exemplo de subserviência foi dado com avisita da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que esteveno Brasil no começo deste mês. O presidente afirmou que recebeu aministra apenas por uma "deferência" ao ministro das RelaçõesExteriores, Celso Amorim, que pediu o encontro.

- Eu acompanhei a vinda dela por aí. E vi alguns setores daimprensa dando tratamento para ela como se eles não fossem ninguém. Éengraçado porque a imprensa queria saber: "O senhor vai tratar de talassunto com a Hillary Clinton?". Eu disse: não, quem vai tratar com elaé o ministro Amorim - disse Lula, em evento no Comperj anteontem.

Segundo Lula, a hierarquia exigiria que a conversa com Hillary Clinton fosse de "ministro para ministro":

- Quando for o Obama, eu converso com ele e faço um acordo. Semnenhuma falta de respeito, apenas por uma questão de hierarquia, detornar as coisas mais ou menos equânimes - disse Lula, que brincou coma própria escolha da palavra. - Olha, depois falam que eu souanalfabeto, falei "equânime". Chique.

Hillary visitou uma série de países latino-americanos no início defevereiro, como parte dos preparativos para a visita do presidenteamericano Barack Obama, prevista para este ano. E sempre foi recebidapelos chefes de estados.

Secretária é recebida por presidentes em vários países

Foi assim na Argentina, com Cristina Kirchner, e no Chile, comMichelle Bachelet. Recentemente, Hillary esteve na Grécia onde foirecebida por George Papandreou, primeiro-ministro, cargo equivalente achefe de estado no país.

Lula disse ainda que quando tomou posse em 2003 "um tal deZoellick, que era sub do sub no Banco Mundial, resolveu dar palpitesobre o Brasil". E que qualquer um dava palpite sobre o Brasil. RobertZoellick é hoje presidente do Banco Mundial.