Título: Bancoop: depoimentos acusam PT e Vaccari
Autor: Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 10/03/2010, O País, p. 12

Testemunhas afirmam que tesoureiro do partido participava de desvios; Assembleia de SP instala CPI sobre o caso

SÃO PAULO. O inquérito policial que investiga o rombo de R$ 100milhões na Bancoop e o suposto abastecimento de campanhas petistasdesde 2002 contém depoimentos com acusações ao partido e ao JoãoVaccari Neto, tesoureiro do PT e presidente licenciado da Bancoop.

Testemunhasrelatam que recursos eram sistematicamente desviados das construções,por meio de superfaturamentos, notas frias e arrecadações paralelas.

Alémdisso, Vaccari é apontado como articulador do esquema e teria recebidoenvelopes de dinheiro da Bancoop em 2003 e 2004. Ele nega Relatórioparcial da investigação, com depoimentos colhidos desde 2007, sugereque Vaccari estaria envolvido no esquema, como elo entre a Bancoop, oSindicato dos Bancários e o PT. Segundo Andy Roberto Gurczynska,segurança particular do exdirigente da Bancoop Luis Malheiro, morto emacidente de carro em 2004, envelopes com quantias sacadas em dinheiroeram entregues a Vaccari.

Gurczynska afirmou em janeiro de 2008que seu chefe se encontrava com Vaccari Neto fora da sede da Bancoop.Luís Malheiros determinava ao declarante que entregasse envelopeslacrados retirados do Banco Bradesco, diz um trecho do depoimento, queprossegue: Sendo que o declarante então escoltava Luis Malheiro, queentregava tais envelopes a Vaccari Neto na sede do Sindicato dosBancários.

De acordo com Gurczynska, as reuniões aconteciam toda semana, entre 2003 e 2004.

Apósa morte de Malheiro, Gurczynska foi dispensado, e Vaccari Neto, queassumiu a presidência da Bancoop, contratou serviços de segurança daempresa Caso, de propriedade de Freud Godoy, um dos envolvidos noescândalo dos aloprados, quando petistas foram flagrados tentandocomprar um falso dossiê contra tucanos.

Uma mala com R$ 1,7 milhão, de origem desconhecida, foi apreendida.

O MP investiga o pagamento de R$ 1,5 milhão da Bancoop à empresa de Godoy.

Emoutro depoimento, em maio de 2008, o irmão de Malheiro, Hélio, disseque a Bancoop abasteceu a campanha petista de 2002, sob promessa de serbeneficiada após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Hélio e suamãe ingressaram no programa de proteção à testemunhas.

Presidente do PT diz que partido é alvo de ataques Ele disse que seuirmão tinha que ceder a pressões políticas e muitas vezes se viaobrigado a entregar valores de grande monta para as campanhaseleitorais do PT, desviando recursos da Bancoop. As pressões viriam deVaccari, que à época presidia o Sindicato dos Bancários.

Estou investigando a Bancoop.

Seseus dirigentes são ligados a um partido, não me importa qual, não mudanada. Ser político não estimula meu trabalho nem serve de salvo-condutoao investigado disse promotor José Carlos Blat.

O presidentedo PT, José Eduardo Dutra, em nota, afirmou que o partido é alvo de umaescalada de ataques caluniosos e que representará no Conselho Nacionaldo Ministério Público contra Blat.

A Assembleia de São Pauloinstalou a CPI da Bancoop. O advogado da cooperativa, Flávio DUrso,entrou com recurso para impedir a quebra de sigilo bancário de Vaccaride 2001 a 2008. O pedido foi feito pelo Ministério Público. ParaDUrso, o pedido extrapola o período da investigação, de 2003 a 2005.