Título: Bancoop: PT acusa promotor de perseguição
Autor: Bruno, Cássio
Fonte: O Globo, 08/03/2010, O País, p. 3

Para petistas, Blat atua de forma partidária e com intenção de abalar campanha de Dilma

São Paulo. A suspeita de envolvimento do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, no suposto esquema de desvio de recursos da Bancoop, cooperativa habitacional dos bancários de São Paulo, levou o partido a atacar o Ministério Público de São Paulo, que investiga o caso desde 2007. Para petistas, o promotor responsável atua de forma partidária e com a intenção de abalar a pré-candidata Dilma Rousseff.

Líder do governo na Câmara e integrante do grupo de coordenação da pré-campanha de Dilma, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) tentou desvincular o partido das investigações e acusou o promotor José Carlos Blat de fazer "perseguição política". O promotor solicitou sexta-feira a quebra do sigilo bancário de Vaccari Neto e o bloqueio das contas da Bancoop, por fortes indícios de fraude e desvio que podem ter beneficiado campanhas do PT, inclusive da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.

- É uma ação criminosa do promotor Blat. Criminosa porque tem um fundamento de perseguição política e de campanha partidária - disse Vaccarezza ontem de manhã na inauguração da nova sede da Força Sindical, em São Paulo. - O PT não tem nada a ver com isso, é um problema do Vaccari.

Vaccari, ex-diretor e presidente licenciado da Bancoop, disse, em nota, que não foi acusado nem responde a processo civil ou criminal. Como secretário de Finanças e Planejamento do PT, a expectativa é que participe da arrecadação de campanha de Dilma.

O presidente do PT, José Eduardo Dutra, não foi localizado ontem. Em entrevista à TV Globo sábado, disse que as acusações já foram rebatidas:

- São acusações falaciosas que já saíram na imprensa outras vezes e que voltam agora, em ano eleitoral, com objetivo claro de atacar o PT.

O PT tenta vincular ação do MP à iniciativa do PSDB na Assembleia Legislativa de São Paulo. Segundo Vaccarezza, os tucanos começaram a coletar assinaturas para uma CPI da Bancoop semana passada. Afirmou que as movimentações bancárias da cooperativa não poderiam ter sido "maquiadas" para disfarçar desvios. A investigação aponta para indícios de que pelo menos R$31 milhões foram sacados em uma agência e não poderiam ser rastreados.

Blat rejeitou as acusações e disse que atua em defesa das três mil famílias que teriam sido lesadas pelo suposto esquema da Bancoop.

- Não pertenço a partido político, não sou filiado nem candidato - disse o promotor, que espera resposta sobre a quebra de sigilo bancário de Vaccari a partir de amanhã.

Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), o PT tenta acobertar o escândalo com mentiras e o caso deve ser debatido no Senado nesta semana.

- O PT gosta dessa eficiência delubiana - disse, referendo-se ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, envolvido no escândalo do mensalão.