Título: Arruda: sem prazo para deixar prisão
Autor: Brígido, Carolina; Fabrini, Fábio
Fonte: O Globo, 12/03/2010, O País, p. 9

Para Gurgel, governador afastado deve ficar na cadeia até o fim da investigação

BRASÍLIA. Passado um mês da prisão do governador afastado doDistrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), oprocurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse ontem que o prazode vencimento da prisão preventiva ainda está longe de ser atingido.Ele reiterou a importância da prisão, para evitar que Arruda prejudiqueas investigações de um suposto esquema de corrupção instalado nogoverno local. O caso tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

- Estamos ainda longe (do vencimento do prazo da prisão preventiva) - disse Gurgel.

O procurador afirmou que, ao fim das investigações, ele será oprimeiro a defender a libertação de Arruda. Gurgel prometeu pressa paraconcluir as apurações, mas ainda não tem previsão de quando issoacontecerá. Em tese, Arruda ficará atrás das grades até que o STJconsidere conveniente para o bom andamento do inquérito.

- Estamos nos empenhando e pedindo todo o empenho da PolíciaFederal, para que possamos concluir, no menor tempo possível, ainvestigação do inquérito principal do STJ. Tão logo essa investigaçãoesteja concluída, o Ministério Público será o primeiro a opinar pelasoltura do governador. Só não queremos que ele interfira na produção daprova - explicou.

O DEM expulsou ontem o suplente de deputado Geraldo Naves, acusadode participar de tentativa de suborno a testemunhas do escândalo decorrupção no DF, também preso.

A defesa de Arruda apelou ontem ao Conselho Federal da Ordem dosAdvogados do Brasil (OAB) para ter o direito de conversarreservadamente com ele. Após a visita ao cliente, o criminalista NélioMachado acusou o delegado da Polícia Federal Marcos Santos, responsávelpela custódia do governador afastado, de vigiar os diálogos e abusar desua autoridade.

Machado entrega a OAB representação contra delegado

Segundo o advogado, a porta da sala em que Arruda está recolhidotem de ficar aberta durante os encontros, com policiais por perto. Alémdisso, o policial estaria marcando tempo para as visitas. Umarepresentação contra ele foi entregue ao presidente da OAB, OphirCavalcante, que ontem enviaria pedido de providências ao presidente doSupremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, a Gurgel, além dopresidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar AsforRocha, do relator do processo no tribunal, Fernando Gonçalves, e doministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto.

Machado anunciou que só volta à Superintendência da PF depois quelhe forem "restauradas as prerrogativas para o exercício da profissão".Ele afirmou que, ontem, o delegado entrou na cela de Arruda e avisouque não seria permitida a reunião a portas fechadas.

Questionada, a PF informou que só se manifestará quando provocada.Mas argumentou que "as medidas de segurança necessárias à custódia dogovernador serão adotadas". Ontem, Arruda foi escoltado a um hospitalpara fazer uma ressonância magnética. É a segunda vez que deixa acadeia para exames esta semana.