Título: Segurança levou a cancelamento do Enem
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Fonte: O Globo, 12/03/2010, O País, p. 10
Governo desistiu da prova do meio do ano; só haverá um teste, após as eleições de outubro
RIO e BELO HORIZONTE. A prova do Exame Nacional do Ensino Médio2010 (Enem) será aplicada depois do segundo turno das eleições (31 deoutubro), possivelmente no mês de novembro. O ministro da Educação,Fernando Haddad, afirmou ontem em Belo Horizonte que a decisão dedesistir de fazer uma edição do Enem no meio do ano foi tomada porquestão de segurança, na tentativa de evitar fraudes ou vazamento daprova, como ocorreu ano passado. Segundo Haddad, o Ministério daEducação (MEC) fez levantamento e concluiu que poucas instituições deensino têm dois processos de seleção por ano.
Segundo o ministério, o objetivo é diminuir riscos de fraude, jáque nas eleições o esquema de segurança da prova - que conta com oapoio de PF, Correios e outros órgãos - ficaria reduzido. No anopassado, o MEC suspendeu a prova do Enem depois que o conteúdo dasquestões vazou. O caso é investigado pela Polícia Federal, que indicioucinco suspeitos.
- Entre colocar em risco o exame fazendo licitação nos moldes doano passado, correndo risco de uma empresa sem qualidade ganhar alicitação eventualmente sem condições de realizar o exame, se imaginouque, para a segurança do sistema, fosse mais adequado realizar umaúnica edição do exame - ressaltou o ministro.
"Temos que ter cautela, os criminosos se organizam"
Ele acrescentou que o MEC seguiu a recomendação da PF:
- Temos que considerar recomendação de pessoas especializadas emsegurança. Não podemos negligenciar as recomendações da PolíciaFederal, feitas pela pessoa destacada pelo ministro Tarso Genro(Justiça) - acrescentou Haddad, lembrando que houve vazamento no exameda OAB no mês passado. - Temos que ter cautela porque os criminosos seorganizam. Temos que continuar avançando, mas em condições realistas.Tem gente que está com 100% do tempo dedicado ao crime. Há quadrilhasse organizando em torno da questão.
A maior diferença em relação à última prova será a introdução delíngua estrangeira. Apesar de o MEC ter confirmado na última semana queo exame teria questões de inglês, espanhol e francês, o Inep estuda secobrará o último idioma.
As instituições que optaram por usar a nota do Enem em vez dovestibular serão as maiores prejudicadas com a decisão de fazer umaúnica edição do exame, pois terão que planejar outra forma de ingresso.Haddad afirmou, durante evento na Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG), que poucas universidades têm dois ingressos.
Haddad afirmou também que há possibilidade de estudantes quereceberam auxílio do Programa de Financiamento Estudantil e estãoinadimplentes renegociarem as dívidas. Ano passado, a Caixa EconômicaFederal acionou cerca de 37 mil fiadores de universitários de baixarenda por inadimplência.
- Há possibilidade de renegociação. A lei prevê a extensão do prazo de pagamento. A Caixa está cobrando por determinação legal.