Título: Exportações podem conter avanço do país
Autor: Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 12/03/2010, Economia, p. 28

Importações devem crescer mais que vendas externas. Mantega projeta ano difícil no setor

BRASÍLIA. A lentidão na recuperação das economias desenvolvidas -as mais afetadas pela crise financeira internacional -, o aquecimentodo mercado doméstico e as incertezas quanto à evolução dos preços dascommodities são fatores que deixam dúvidas quanto à contribuição dabalança comercial no Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens eserviços produzidos no país) em 2010. Mais pessimista, ovice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB),José Augusto de Castro, acredita que a fatia de exportações eimportações no PIB será negativa este ano, entre 1% e 1,5%:

- Tudo indica que a contribuição do comércio exterior seránegativa. Nossa estimativa é que as importações subam mais do que asexportações.

A AEB projeta superávit de US$12 bilhões para 2010, ante US$25bilhões em 2009. Castro não acredita em déficit, "a não ser que hajauma reviravolta nos preços das commodities, o que está acontecendoagora com o açúcar e a soja". Ele ressaltou que um saldo negativo nabalança comercial seria desastroso para as contas externas.

- O mercado interno é muito importante nessa equação. Ninguém vaiinvestir pensando em exportações, e sim na demanda doméstica -completou.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que 2010 será um anoduro para as exportações. Mantega afirmou que algumas economias estãofazendo "políticas desesperadas", como baixar preços e dar subsídios:

- Não há milagre, falta mercado consumidor no exterior e por isso queremos nossa economia mais competitiva.

Mas o secretário de Comércio Exterior do Ministério doDesenvolvimento, Welber Barral, acredita que as novas medidas deincentivo às vendas externas que o governo está preparando - como aampliação do concetio de empresa exportadora, para que mais firmaistenham um leque maior de incentivos fiscais - geram uma perspectivafavorável, tendo em vista a recuperação dos embarques no primeirobimestre deste ano. Ele lembra que as exportações cresceram 24% nobimestre, em relação a igual período de 2009:

- Não acredito em contribuição negativa, houve recuperação rápidadas exportações no bimestre, que devem aumetar com a safra agrícola.

O economista Fábio Silveira, da RC Consultores, também não crê emcontribuição negativa no setor. Para ele, embora o desempenho do setorexterno tenha sido fraco, houve discreta melhora nas exportações. Eleprojeta superávit comercial de US$5 bilhões em 2010.