Título: Analistas revisam expansão de 2010 para 6%
Autor: Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 12/03/2010, Economia, p. 28

A CONTA DA CRISE: Crescimento deverá ser puxado pelos investimentos, e não pelo consumo como no ano passado

Previsões eram em torno de 5,8%. Para especialista, produção elevada no último trimestre garante avanço mínimo de 2,7%

Com os resultados do PIB divulgados ontem pelo IBGE, muitosanalistas revisaram para cima suas projeções do crescimento da economiabrasileira em 2010. Hoje, os economistas já falam numa expansão emtorno de 6% - antes, as estimativas giravam em torno de 5,8%. Dessavez, contudo, o avanço deve ser creditado ao investimento - e não tantoao consumo.

As contas mais otimistas se explicam porque, nos cálculos dosespecialistas, o país, se nada fizer, cresce 2,7% neste 2010. É ochamado carregamento estatístico - como o nível de produção do últimotrimestre foi alto, o país inicia 2010 num patamar bem superior à médiade 2009.

- Se em todos os trimestres de 2010 tivéssemos um crescimento zerona margem, mesmo assim a expansão de 2010 seria de 2,7%. A estrutura decrescimento deste ano deve acompanhar o que se viu no quarto trimestre,com avanços no investimento e na indústria - disse Luis Otávio Leal,economista do ABC Brasil, para quem a composição do PIB de 2010 serábem mais equilibrada do que a de 2009, quando a economia se sustentouno consumo.

Em 2001, juros e política fiscal podem conter avanço

O Banco ABC Brasil revisou as projeções do PIB: subiu de 5,8% para6% - com viés de alta. O Banco Fator, por sua vez, também estuda novosnúmeros, mas espera algo perto de 6% para 2010. A mesma projeção tem oItaú Unibanco - que espera ainda uma "saudável desaceleração daeconomia" após uma provável alta de juros.

- Estimamos expansão de 6% no PIB este ano, que consideramos ser onível adequado para a economia crescer perto da oferta, sem pressãoinflacionária - disse Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco.

O PIB de 2009 não surpreendeu o ex-ministro Delfim Netto, queesperava resultado negativo próximo de zero. Na sua avaliação, asperspectivas para 2010 são muito boas. Delfim trabalha com previsão quealta de 5% a 6% este ano:

- O ano de 2010 será uma fatalidade aritmética, porque a base de comparação está deprimida.

Para a LCA, o desempenho do quarto trimestre deverá levar arevisões nas projeções para 2010, que "por ora apontam crescimento de6,1% do PIB".

O chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio(CNC) e ex-diretor do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas, frisaque "2010 já está contratado" graças ao carregamento estatístico. Mas éesperada desaceleração a partir do segundo semestre:

- A economia ainda está embalada, mas vai desacelerar devido a aspectos como juros altos e endividamento dos consumidores.

Os analistas também citam a retirada dos incentivos fiscaisconcedidos pelo governo em 2009 como um fator a reduzir o consumo e,por tabela, pôr um freio na atividade econômica.

Para José Francisco de Lima, do Banco Fator, uma política fiscaldura em 2011, o fato de ser o primeiro ano de um novo governo e oaumento de taxa de juro devem trazer um PIB menor em 2011, entre 3,5% e4%.

COLABOROU Liana Melo