Título: Para empresários, taxa de juros preocupa mais
Autor: Beck, Martha; Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 12/03/2010, Economia, p. 29

Presidente da Fiesp fala com Meirelles e pede bom senso no Copom. BC vai considerar setor

SÃO PAULO. O forte desempenho da economia no último trimestre doano passado - quando o PIB cresceu 2%, indicando uma taxa anualizada deexpansão da atividade da ordem de 8% - foi recebido sem euforia pelasprincipais entidades empresariais do país, que preferiram manifestarsuas preocupações com a retomada da alta da Selic, dada como certa pelomercado. O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp),Paulo Skaf, disse que não houve surpresa nos números divulgados ontempelo IBGE, ressaltando que o setor está investindo e, portanto, estaráapto a atender ao aumento de demanda, o que eliminaria eventuaispressões sobre os preços.

- Sabíamos que, com a grande queda no fim de 2008 e no início doano passado, seria muito difícil termos crescimento positivo - disseSkaf, que qualificou a estimativa da Fiesp, de 6% para o PIB este ano,compatível com a capacidade produtiva do país.

Segundo ele, as altas de preços que vêm pressionando a inflação neste início de ano são localizadas e sazonais.

- Não há descompasso entre oferta e demanda que justifiqueelevações de juros - disse o empresário, que conversou ontem portelefone sobre o tema com o presidente do Banco Central, HenriqueMeirelles. - Vamos esperar que o bom senso impere na reunião do Copom(Comitê de Política Monetária).

Em nota, o BC diz que analisa "estudo da Fiesp no conjunto de outros estudos".

Em comunicado, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) fez coroao afirmar que a recuperação econômica não representa "riscos depressões sobre a capacidade da indústria de atender ao aumento dademanda". Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Indústriade Base e Infraestrutura (Abdib), disse que o ritmo de crescimentoexigirá investimentos superiores a 10% este ano. Já a Câmara Brasileirada Indústria da Construção (CBIC) questionou os números do IBGE,apontando queda de 6,3% no setor em 2009.

Para o presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira daSilva (PTB-SP), a "exorbitante" taxa de juros foi o vilão da economiaem 2009.