Título: Ipea vê escassez de trabalhador qualificado
Autor: DErcole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 11/03/2010, Economia, p. 24
Com a retomada do crescimento, faltará mão de obra especializada em setores como construção civil e comércio
SÃO PAULO. Setores da economia como construção civil, comércio e hotelaria enfrentarão dificuldades para encontrar mão de obra qualificada com a retomada do crescimento econômico este ano. Essa escassez, contudo, não será generalizada e deverá concentrar-se principalmente nas regiões Sul e Sudeste.
No comércio, por exemplo, o déficit de mão de obra capacitada no Sudeste deve chegar a 204 mil trabalhadores, e na construção, a 70,9 mil.
Os dados são da pesquisa Emprego e oferta qualificada de mão de obra no Brasil: impactos do crescimento econômico pós-crise, divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa econômica Aplicada (Ipea).
Instituto estima dois milhões de novas vagas em 2010 O Ipea estima que serão abertas 2 milhões de novas vagas no mercado de trabalho este ano o dobro das 995 mil geradas em 2009 caso se confirme a projeção de crescimento de 5,5% da economia brasileira. Ainda assim, cerca de 6,2 milhões de trabalhadores ficarão desempregados, a grande maioria por causa da baixa qualificação.
De acordo com o estudo, São Paulo é o estado que terá mais problemas de escassez de qualificação, com déficit estimado de 134,5 mil profissionais na área de comércio e serviços, de 50,9 mil na construção, de 28,5 mil em hotelaria e restaurantes e de 21,8 mil profissionais de educação e saúde. No Rio, o Ipea projeta déficit entre o oferta e demanda de mão de obra qualificada de 29,9 mil trabalhadores no comércio/serviços, 14,3 mil na construção, de 4,4 mil em hotelaria e restaurantes e de 1,8 mil em educação e saúde.
Isso é um problema bom, porque a última vez que o Brasil teve escassez de mão de obra foi na década de 1970, durante o milagre econômico observou o presidente do Ipea, Márcio Pochmann. Mas isso exige repensar os sistemas de políticas públicas de qualificação, para que o país possa continuar crescendo.
Embora as projeções para quatro dos nove grandes setores da economia apontem para a oferta insuficiente de mão de obra qualificada, o estudo do Ipea revela que um contingente de 653 mil trabalhadores com nível escolar e experiência profissional adequados não conseguirão colocação no mercado neste ano. Segundo o Ipea, 19,3 milhões de trabalhadores qualificados estarão disponíveis no mercado este ano, para uma demanda potencial de mão de obra de 18,6 milhões de postos sendo 2 milhões de novas vagas abertas e outros 16,6 milhões decorrentes da rotatividade de profissionais na economia.
A produção industrial cresceu em janeiro em 13 das 14 regiões pesquisadas pelo IBGE, divulgou o instituto ontem. Segundo o site G1, a indústria de São Paulo, cuja alta foi de 3% frente a dezembro, superou pela primeira vez, desde o início da crise, o patamar de produção que registrava em setembro de 2008, mês recorde para o setor.
A indústria fluminense avançou só 0,3% em janeiro