Título: Saiba mais sobre o caso
Autor:
Fonte: O Globo, 16/03/2010, O País, p. 3

No dia 18 de novembro de 2005, o corretor Lúcio Bolonha Funaro aceitou colaborar com as investigações do Ministério Público Federal no caso do mensalão do PT. Pressionado por investigações contra suas empresas, Funaro, que até aquela data negava qualquer vínculo com o esquema, passou a contar detalhes de como funcionava a operação de distribuição de dinheiro para o Partido Liberal. O PL, atual PR, era parte da base de apoio do governo Lula e recebia recursos de Marcos Valério de Souza, o operador do mensalão.

O dinheiro saía da SMP&B, empresa de Valério, e seguia para a Guaranhuns, pertencente a Funaro.

Este, por sua vez, garantia a entrega dos recursos ao PL. Entre novembro de 2005 e março de 2006, Funaro voltaria outras vezes ao Ministério Público para completar seus depoimentos. Em 28 de março daquele ano, Funaro deu detalhes tão consistentes do esquema do mensalão do PT que os procuradores incluíram as declarações na denúncia que o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, enviaria dois dias depois contra os 40 réus no Supremo Tribunal Federal (STF).

Apesar de citado várias vezes na denúncia como operador de parte do mensalão, Funaro foi poupado, por estar colaborando.

Na série de depoimentos, fez novas acusações, mas Antonio Fernando preferiu assegurar a delação premiada apenas no caso do mensalão. As demais denúncias foram enviadas para investigação no Ministério Público Federal de São Paulo, em maio de 2006. O caso foi entregue aos procuradores do Núcleo de Investigações Criminais do MPF naquele estado.

Em um dos depoimentos, Funaro listou os cheques que recebeu de Marcos Valério. Ele também entregou ao MPF cópias de extratos de suas contas, com anotações à mão, do dinheiro destinado ao mensalão. Funaro apresentou ainda uma planilha com valores que seriam referentes aos pagamentos ao PL.