Título: Funaro descreve repasses ao PL
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Fonte: O Globo, 16/03/2010, O País, p. 3

Valdemar, ex-líder do atual PR, teria pego R$ 6 milhões emprestados BRASÍLIA. O corretor Lúcio Funaro revelou detalhes de como funcionava o repasse do mensalão do PT para o PL (atual PR), chefiado pelo exdeputado Valdemar Costa Neto (SP). Segundo Funaro, o parlamentar pegou emprestado dele R$ 6 milhões em duas operações: em 2002 e 2004, ambos anos eleitorais. A dívida teria sido paga pela SMP&B, de Marcos Valério de Souza, apontado como o principal operador do mensalão.

Funaro contou que, em setembro de 2002, foi procurado por um emissário do parlamentar, interessado num empréstimo para cobrir dívidas da campanha do presidente Lula. Funaro aceitou emprestar R$ 3 milhões, com juros de 3% ao mês. Com a ajuda de dois sócios, teria entregue o dinheiro na sede do PL em Mogi das Cruzes (SP).

A partir de fevereiro de 2003, Funaro teria começado a receber cheques administrativos do Banco Rural nominais à empresa Guaranhuns, da qual era sócio oculto, como pagamento.

Foram pagos R$ 6,5 milhões, dos quais pelo menos R$ 3,5 milhões acabaram usados para quitar o empréstimo feito a Valdemar. O restante foi repassado, em espécie, ao tesoureiro do PL, Tadeu Candelária. Funaro contou que cobrou ágio de 2% para transformar os depósitos na conta de sua empresa em dinheiro vivo para o partido.

Em 2004, Valdemar tomou emprestados de Funaro outros R$ 3 milhões. Desta vez, o pagamento não foi feito com cheques, mas em espécie, por Candelária, ao longo de 2005.

Segundo Funaro, quando o mensalão veio a público, Marcos Valério tentou montar uma operação fictícia para justificar o dinheiro que a SMP&B repassou à Guaranhuns.

Os dois firmaram um contrato de intermediação da compra de títulos de reflorestamento, no valor de R$ 10 milhões. O documento foi assinado por Marcos Valério e José Carlos Batista, suposto laranja de Funaro na Guaranhuns.

Valdemar informou que não comenta assuntos que estão sendo analisados pela Justiça. (C.B. e F.F.)