Título: Lieberman, chanceler pouco diplomático
Autor: Oliveira, Eliane ; Kresch, Daniela
Fonte: O Globo, 16/03/2010, O Mundo, p. 23

Boicote a Lula mostra que radicais colocam em xeque governo de Netanyahu Depoisde ver seu partido de extrema-direita, o Israel Beiteinu (Israel NossaCasa) transformar-se no terceiro maior do país nas eleições do anopassado, desde que foi nomeado chanceler, o ultra-nacionalista AvigdorLieberman já causou vários incidentes diplomáticos.

No Egito, é persona non grata por ter mandado o presidente Hosni Mubarak ao inferno.

Hápouco mais de um mês, ordenou que seu vice, Danny Ayalon, convocasse oembaixador turco em Jerusalém para cobrar explicações sobre uma sériede TV turca que mostrava israelenses como matadores sanguinários.Contra todas as regras protocolares, Ayalon colocou o diplomata sentadonuma cadeira mais baixa, sem a bandeira da Turquia, e chamou a imprensapara mostrar, poderoso, sua retaliação, num episódio que humilhou osturcos e quase implodiu as relações entre os dois países.

EmIsrael, ele também é polêmico. A plataforma de seu partido prega caçara cidadania de árabes com cidadania israelense que se recusem a jurarlealdade à bandeira nacional. Mas, além da divergência exposta ontemcom o premier Benjamin Netanyahu que se esforçou para conquistar adiplomacia brasileira o boicote de Lieberman à visita do presidenteLula aponta o que pode ser o estopim de uma nova era de instabilidadena conturbada política local: Netanyahu parece estar perdendo ocontrole sobre seus aliados na coalizão de direita que o sustenta.

Acena se repetiu na semana passada, quando Netanyahu recebeu ovice-presidente americano, Joe Biden, prometendo levar adiantenegociações indiretas de paz com os palestinos. No mesmo dia, oministro do Interior, Eli Yishai, do partido ortodoxo sefaradita Shas,anunciava a construção de mais 1.600 casas na Cisjordânia, torpedeando,mais uma vez, os esforços diplomáticos americanos. (Renata Malkes)