Título: Israel e EUA enfrentam a pior crise em 35 anos
Autor: Oliveira, Eliane ; Kresch, Daniela
Fonte: O Globo, 16/03/2010, O Mundo, p. 24

Em novo desafio ao governo Obama, Netanyahu diz que vai continuar a colonizar Jerusalém JERUSALÉM.O embaixador de Israel em Washington, Michael Oren, admitiu, emconversas telefônicas com diplomatas israelenses, que a crisediplomática entre Israel e os Estados Unidos é a mais grave dos últimos35 anos e alcança proporções históricas.

Antigos aliados deIsrael, os EUA têm dado sinais de que estão perdendo a paciência com oatual governo do direitista Benjamin Netanyahu.

Ontem, em novodesafio ao governo Obama, durante a inauguração de uma sinagoga,Netanyahu rejeitou estabelecer qualquer limite para as construções emJerusalém e garantiu que vai continuar a colonizar a cidade.

Devoluçãodo Sinai, a última grande crise Segundo reportagem que ocupou amanchete do jornal israelense Yediot Ahronot, Oren teria dito que oslaços com os Estados Unidos enfrentam sua pior crise desde 1975,quando os governos dos dois países se desentenderam por conta daanexação israelense da Península do Sinai, ocupada em 1967, eposteriormente devolvida ao Egito, em 1978, no primeiro acordo de pazentre Israel e um país árabe.

As declarações de Oren foram feitas um dia depois de ele ter negado a crise, numa entrevista ao Canal 2 da TV local.

Asdivergências com os EUA começaram há uma semana, quando o ministério doInterior israelense anunciou o projeto de construção de 1.600 novascasas destinadas a judeus ultra-ortodoxos no bairro de Ramat Shlomo, emJerusalém Oriental, ocupada por Israel em 1967, durante a visita aopaís do vice-presidente americano, Joe Biden.

Biden, que haviaanunciado 24 horas antes uma nova rodada de negociações indiretas entreisraelenses e palestinos, sob mediação americana, foi pego de surpresapela informação.

Irritado, condenou duramente Israel. Asecretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, chamou a decisão deinsulto, e o principal assessor do presidente americano Barack Obamaclassificou o episódio de afronta.

Depois do anúncio, aliderança palestina se retirou da nova rodada de negociações, quesequer havia começado. Os palestinos exigem o congelamento total daconstrução em assentamentos judaicos na Cisjordânia e em JerusalémOriental como condição para retornar à mesa de negociações.

Netanyahu:Capital eterna e indivisível Netanyahu chegou a ensaiar um pedido dedesculpas aos americanos pelo péssimo momento do anúncio dasconstruções em Ramat Shlomo. Mas não parece interessado em atender aopedido americano de cancelar o projeto das novas casas.

Ontem, o premier prometeu continuar a construir em Jerusalém.