Título: Catolicos alemães pressionam o Papa
Autor:
Fonte: O Globo, 16/03/2010, O Mundo, p. 25

Padre condenado por pedofilia na década de 80 é suspenso por violar normas

BERLIM. Os casos de abusos sexuais cometidos por padres na Alemanha estão levando a uma pressão crescente sobre o Papa Bento XVI. As críticas e pedidos por declaração aumentaram após o Pontífice receber, na sexta-feira, um relatório sobre os escândalos de pedofilia no país.

Ontem, políticos e fieis foram a público pedir que Bento XVI fale sobre o assunto. ¿O Santo Padre precisa dizer algo¿, declarou Dirk Taenzler, líder da Federação da Juventude Católica Alemã, ao jornal ¿Berliner Zeitung¿. O movimento católico progressista Iniciativa Igreja de Baixo (IKvU) chegou a pedir a saída do Pontífice. E no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, um grupo secularista, acusou o Vaticano de violar a Convenção de Direitos das Crianças.

¿ A Igreja precisa ser mais honesta e severa consigo mesma, e isso naturalmente inclui o Papa ¿ declarou Wolfgang Thierse, vice-presidente do Parlamento alemão e membro da Comissão Central de Católicos.

Representante do Vaticano, o arcebispo Rino Fisichell, disse que o Papa vai se pronunciar numa carta sobre casos semelhantes ocorridos na Irlanda, mas não deu indícios de que mencionará a Alemanha. ¿A fúria contra o Pontífice é insana¿, disse Fisichell ao ¿Corriere della Sera¿.

Segundo a imprensa alemã, mais de 250 pessoas sofreram abusos em escolas dirigidas pela Igreja nas últimas décadas.

Sacerdote estava na pastoral de turistas

Na Bavária, um padre condenado por abuso sexual ¿ e cuja transferência de diocese fora aprovada por Joseph Ratzinger quando ainda era cardeal ¿ foi suspenso ontem de suas funções e seu superior, afastado.

Identificado como ¿H.¿, o padre fora condenado por abuso e transferido nos anos 80. Ele fazia terapia, voltou a trabalhar com crianças após a transferência e abusou de um menor. O Vaticano nega que Ratzinger estivesse a par do caso, e um subalterno assumiu a responsabilidade.

O sacerdote estava na pastoral para turistas em Bad Toelz desde 2008 e era proibido de trabalhar com crianças. A arquidiocese disse ontem que ele foi suspenso por violar essa condição, mas que não abusou de nenhuma criança desde a condenação, em 1986.