Título: Polícia pede quebra do sigilo telefônico de Cadu
Autor: Ribeiro, Marcelle
Fonte: O Globo, 19/03/2010, O País, p. 17
Assassino confesso de Glauco alega ter percorrido nove km em dez minutos; delegado quer saber com quem ele falou após o crime A polícia de São Paulo pediu à Justiça a quebra do sigilo telefônico de Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, assassino confesso do cartunista Glauco Villas Boas e do filho dele, Raoni. Os dois foram mortos na madrugada da última sexta-feira, em Osasco, na Grande São Paulo. O objetivo é saber se alguém ajudou Cadu a fugir depois do crime. ¿ A gente quer saber o que ele falou, quando, com quem e por quanto tempo depois que saiu do local ¿ disse o delegado Marcos Carneiro, diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro). Informações das torres de telefonia móvel revelaram que, depois de atirar nas vítimas, Cadu voltou três vezes à região do crime. Depois de ter atirado, ele percorreu a distância de nove km em dez minutos, o que seria impossível fazer andando. O delegado suspeita que o estudante Felipe Iasi, que levou Cadu de carro até a casa de Glauco, tenha ajudado na fuga. Os dois afirmam que deixaram o local sozinhos. Cadu disse que fugiu a pé e ficou cinco horas escondido num matagal. Polícia vai reconstituir tentativa de fuga Os dados obtidos com o rastreamento estão sendo cruzados com as informações do GPS do carro de Iasi, que deve ser ouvido novamente. Segundo o delegado Marcos Carneiro, estão sendo feitas investigações na região urbana de Osasco para descobrir onde Cadu ficou nas até ser preso. O rastreamento das antenas de celular mostrou que quando Cadu ligou para a viúva de Glauco, Beatriz Galvão, na noite do último sábado, ele rondava a região pela terceira vez. O levantamento também revela que, às 0h25m do dia 12, ele estava na região da casa de Glauco. Segundo a polícia, esta é a hora em que as vítimas foram mortas. Nove minutos depois, às 0h34m, Cadu já estava na área abrangida por outra antena de telefonia celular em Osasco. Mais dois minutos se passaram e, às 0h36m, ele estava no bairro de Vila Cipava. O rastreamento apontou que às 19h03m do dia 13, sábado, Cadu voltou a rondar o bairro das vítimas. Ligou para a viúva de Glauco, Beatriz Galvão, e disse, por telefone: "Oi Bia, aqui é o Cadu". Beatriz desligou. A acareação entre a viúva de Glauco, Felipe Iasi, e a testemunha João Pedro Correia, amigo de Raoni, não está descartada. Cadu continua preso numa cela individual na Polícia Federal em Foz do Iguaçu, no Paraná, depois de balear um agente ao tentar fugir, e será ouvido hoje Existe a possibilidade de uma reconstituição da tentativa de fuga. Segundo a polícia, Cadu passa bem, sem sinais de surtos psicológicos nem de crise de abstinência de drogas. Em São Paulo, a Igreja Céu de Maria, fundada por Glauco, lembrou sua morte, uma semana depois do crime. A família de Glauco chegou cedo à chácara e acompanhou o ritual. Outra missa de sétimo dia, na igreja católica Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima, zona Oeste de São Paulo, foi realizada com cem amigos e familiares do cartunista.