Título: Restos achados no Pará seriam de guerrilheiro
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 24/03/2010, O País, p. 18

Ossada é encontrada perto de local onde Rodolfo Troiano foi enterrado, diz estudiosa do Araguaia

A localização dos restos mortais de uma pessoa na região do Tabocão, uma área que foi palco da Guerrilha do Araguaia, no Pará, anteontem, alimentou a esperança dos familiares do ex-guerrilheiro Rodolfo de Carvalho Troiano. Eles esperam encontrar a ossada do antigo militante do PCdoB. Rodolfo usou o codinome Manoel e teria sido morto em janeiro de 1974. Ele atuou no "Destacamento A", perto da localidade Brejo Grande. Um grupo de trabalho criado pelo governo federal atua na busca dos desaparecidos, no cumprimento de uma sentença judicial; mas a localização da ossada foi uma iniciativa de parentes de outro guerrilheiro, Antônio Teodoro de Castro, o Raul, com apoio do Ministério Público Federal, de peritos e agentes da Polícia Federal e do Instituto Médico-Legal. Segundo o Ministério Público, as informações foram dadas por um informante que vive na região. Estudiosa da Guerrilha do Araguaia, a pesquisadora Myrian Alves, que acompanha a investigação, disse que os registros e depoimentos de moradores e sobreviventes da guerrilha indicam que, no local onde estava a ossada, foi enterrado o corpo de Rodolfo. ¿ A referência que se tem naquele local é do Manoel (Rodolfo Troiano) ¿ afirmou Myrian. A ossada passará por exames no Centro de Perícia Científica Renato Chaves, vinculado à Polícia Civil de Marabá (PA). O procurador Tiago Modesto Rabelo disse que, em algumas semanas, esses restos mortais serão transferidos para o setor de perícias da Polícia Federal em Brasília, onde há condições de identificar as ossadas. O empresário Jorge Troiano, irmão de Rodolfo, que vive em Juiz de Fora (MG), afirmou que pretende ir a Brasília para fornecer material que ajuda na identificação. Mas, até o momento, ele o seu irmão, Kleber, não foram procurados pelos setores do governo que colheram sangue de parentes de desaparecidos políticos, para criação de um banco de DNA. ¿ Queremos fazer um enterro digno do nosso irmão ¿ disse Jorge Troiano.