Título: Oposição prepara festa para lançar Serra
Autor: Vasconcelos, Adriana; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 25/03/2010, O País, p. 8
ELEIÇÕES 2010: PSDB confirma que governador e assessores não receberão salário do partido durante a campanha
Ideia é que evento não tenha militância nem palanque e que apenas o candidato e presidentes de partidos discursem
BRASÍLIA. Na expectativa do lançamento da candidatura do governadorJosé Serra à Presidência da República, PSDB, DEM e PPS reuniram-seontem para acertar detalhes dos preparativos da festa marcada para opróximo dia 10. A ideia é promover um evento fora dos padrõestradicionais da política brasileira, sem palanque ou militância paga,com pouquíssimos oradores e público representativo. A princípio, estãoprevistos discursos apenas dos presidentes do três partidos de oposiçãoe do candidato, deixando de fora estrelas tucanas como o ex-presidenteFernando Henrique.
Esse seria o sinal mais claro de que a oposição não pretendealimentar a estratégia do PT de estimular uma comparação entre osgovernos Lula e de FH.
- A mensagem principal será a do candidato. Será a palavra de umlíder, para parar e ouvir - antecipou o presidente nacional do PSDB,senador Sérgio Guerra (PE).
PSDB espera a presença de Jarbas Vasconcelos, do PMDB
O convite para o evento, que já começou a ser distribuído poremail, será para um Encontro Nacional do PSDB, DEM e PPS, e não parauma convenção. O palco escolhido - por coincidência, o mesmo que seráusado pelo governo para lançar dia 29 o chamado PAC-2 - será o CentroEmpresarial Brasil 21. Só com o aluguel do espaço, o PSDB desembolsaráR$18 mil.
O público representativo, na expectativa do PSDB, contará com pelomenos 500 prefeitos, bancadas federais, deputados estaduais, vereadorese governadores tucanos, do DEM, PPS e até representantes de partidosgovernistas como o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique, e osenador Jarbas Vasconcelos, ambos do PMDB. Está prevista a presença deempresários, intelectuais, artistas e nomes de entidades civisalinhados com a campanha da oposição.
Sem a estrutura do governo de São Paulo a partir da próxima semana,Serra terá de sobreviver com as próprias economias nos três meses dapré-campanha. Respondendo ao presidente do PT, José Eduardo Dutra, quequis saber quem vai bancar as despesas de Serra, dirigentes do PSDBinformaram ontem que o partido não vai pagar seus salários, deassessores e nem alugar casa e imóveis para escritório.
Guerra confirmou, entretanto, que caberá ao partido custear todasas despesas de atividades partidárias que o pré-candidato cumprir atéjulho, quando começa a campanha oficial, inclusive aluguel de jatinhos.
Como o governador tem imóvel próprio em São Paulo, não seránecessário o aluguel de casa para ele e a família. Quando viajar aBrasília, ficará em hotel, usando a estrutura de carros e servidores doPSDB na capital.
- Não é da nossa tradição, no PSDB, pagar salários para dirigentese candidato. Nem membro do diretório pode receber remuneração, a menosque tenha uma função partidária. Temos inclusive curiosidade de sabercomo o PT vai contabilizar isso - disse Guerra.
O vice-presidente executivo do PSDB, Eduardo Jorge Caldas, disseque Serra já teria declarado que não quer receber salário do PSDB.
- Ele pode muito bem ter reservas acumuladas com o trabalho aolongo da vida, ou achar que está prestando um serviço público - disseEduardo Jorge, lembrando que nem Serra, em 2002, nem Geraldo Alckmin,em 2006, receberam salários do PSDB.
A campanha de Serra não terá um tesoureiro apenas. Será criado umcomitê financeiro formado por três notáveis. No organograma que estásendo fechado, a coordenação política ficará a cargo de Sérgio Guerra,completada por um conselho político formado por representantes dospartidos. Haverá coordenadores regionais. O comitê central será emBrasília - em local ainda a definir - e haverá um comitê em São Paulo,onde ficará concentrada a parte de marketing e programas de TV. Omarqueteiro deverá ser Luiz Gonzalez.