Título: Desemprego fica em 7,4%, o menor em 8 anos
Autor: Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 26/03/2010, Economia, p. 29

Taxa foi a mais baixa já registrada para um mês de fevereiro. Renda sobe e volta ao nível de 2002

O mercado de trabalho nas maiores metrópoles brasileiras começou o ano em expansão.

Mesmo com a ligeira subida na taxa de desemprego de 7,2% em janeiro para 7,4% em fevereiro, conforme informou ontem o IBGE, houve melhorias significativas no acesso ao emprego com carteira assinada. E o rendimento recuperou as perdas de 2003, ano em que o desemprego chegou a dois dígitos e a redução salarial também.

Frente a fevereiro do ano passado, a queda na taxa foi expressiva. Naquele mês, a desocupação atingia 8,5% da força de trabalho. A taxa registrada no mês passado foi o melhor resultado para um mês de fevereiro em oito anos, desde que teve início a série histórica do IBGE.

Recorde de emprego com carteira assinada Pelos cálculos do economistachefe da Convenção Corretora, Fernando Montero, descontando os efeitos sazonais, a taxa de desemprego é a menor, para qualquer mês, desde que o IBGE começou a pesquisa em março de 2002. Caiu de 7,6% em janeiro para 7,3% em fevereiro: A subida no índice de desemprego veio aquém da esperada, tanto que a taxa de 7,4% é menor que o piso das expectativas, que variava de 7,5% a 8,2%. Há seis meses, quando a recuperação da economia ficou mais forte, uns indicadores subiam, outros se acomodavam.

Hoje, todos eles apontam para cima: emprego, confiança, varejo, produção industrial, uso da capacidade, importações avaliou Monteiro.

Segundo Cimar Azeredo, gerente da pesquisa do IBGE, o índice de 7,4%, além de ser o menor para um mês de fevereiro, veio acompanhado de um recorde na população trabalhadora com carteira. Alcançou em fevereiro 60,4% dos empregados do setor privado. Das 725 mil vagas abertas frente a 2009, 83% foram protegidas: A massa de salários (soma dos ganhos de todos os trabalhadores) cresceu 5,2% acrescentou.

O diretor do Instituto de Economia da UFRJ, João Saboia, acredita que 2010 começou muito bem, apontando para o melhor ano da série para o mercado de trabalho tanto da pesquisa do IBGE quanta a do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.

Teremos uma taxa de desemprego média menor que a de 2009 e um dezembro também menor. A carteira de trabalho vai bater recorde e o nível de renda vai subir.

O salário já está subindo. O ganho médio de R$ 1.398,90 em fevereiro foi o segundo maior de toda a série histórica da nova pesquisa, só perdendo para julho de 2002, ficando 0,5% atrás da renda daquele mês. Até agora, apesar da alta constante nos rendimentos depois de 2003, o teto dos meses de 2002 ainda estava distante.

A construção civil e a indústria foram os segmentos em expansão no emprego. Esses setores despontaram no aumento de trabalhadores em praticamente todas as seis metrópoles (Rio, São Paulo, Porto Alegre, Salvador, Recife e Belo Horizonte) acompanhadas pelo IBGE. Juntos, contrataram quase 200 mil pessoas quando se olha para fevereiro de 2009.

Um sinal claro de que a crise ficou para trás inclusive para os setores que sofreram mais.

A construção civil surpreendeu, com alta de 8,1% em relação a fevereiro de 2009.

Tivemos reflexos do bom desempenho do setor nos serviços prestados às empresas, que reúnem atividades imobiliárias e o setor financeiro.

Esse grupo contratou mais 124 mil trabalhadores na comparação com fevereiro afirma Azeredo, do IBGE.

No Brasil, 19,1% têm jornada superior a 48 horas semanais No Brasil, quase 60% dos trabalhadores têm jornada superior a 40 horas semanais e 19,1% cumprem uma carga de mais de 48 horas por semana, segundo estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado ontem, informou a Agência Brasil. Em todo o mundo, são 614,2 milhões de trabalhadores com uma jornada semanal de mais de 48 horas, um contingente que representa 22% da força de trabalho mundial.

Entre os países onde os trabalhadores cumprem a maior carga horária estão o Peru (50,9%), a Coreia do Sul (49,5%), a Tailândia (46,7%) e o Paquistão (44,4%). O Brasil está em 13olugar, com 19,1%, parcela equivalente à registrada pelos Estados Unidos.

No Brasil, em 2008, 33,7% dos trabalhadores tinham jornada superior ao limite legal de de 44 horas por semana.