Título: Suíça bloqueia conta de Fernando Sarney
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Fonte: O Globo, 26/03/2010, O País, p. 10
Filho do presidente do Senado é investigado pela PF e já foi indiciado por lavagem de dinheiro BRASÍLIA. A Polícia Federal está apertando o cerco sobre as movimentações financeiras no exterior do empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDBAP).
A partir de informações da PF, autoridades da Suíça encontraram e bloquearam uma conta de US$ 13 milhões em nome de uma empresa supostamente de Fernando Sarney. A informação, divulgada ontem pela Folha de S.Paulo, foi confirmada por uma autoridade brasileira. Esta é a segunda investida da Polícia Federal contra Fernando Sarney no exterior.
No mês passado, a Polícia Federal recebeu a confirmação de que o empresário enviou US$ 1 milhão para uma empresa na China. O dinheiro foi depositado numa conta no HSBC, em Qingdao.
As contas da Suíça e a remessa à China não constam das declarações de renda apresentadas pelo empresário à Receita Federal, conforme análise de dados da Operação Boi Barrica.
Com base nessas informações, a Polícia Federal decidiu indiciar Fernando Sarney por evasão de divisas, conforme antecipou O GLOBO no início do mês.
Mas, apesar dos avanços no exterior, investigadores estão preocupados com o resultado final da apuração. Os autos do inquérito estão na 1ª Vara da Justiça do Maranhão há oito meses e, até o momento, não retornaram à Polícia Federal.
Sem os autos, a polícia entende que não pode fazer interrogatórios ou coletar novas provas.
É como se o inquérito estivesse trancado. Aliás, na prática o inquérito está mesmo trancado. A polícia não pode fazer nada sem os autos. Por que esse inquérito ainda não saiu da Justiça? pergunta uma autoridade que acompanha o caso de perto.
Polícia e Ministério Público Federal só estão aguardando a liberação dos autos para intimar e interrogar Fernando Sarney mais uma vez.
Empresário foi indiciado por formação de quadrilha A investigação sobre movimentações financeiras no exterior é um dos cinco inquéritos abertos a partir da Operação Boi Barrica ou Faktor. Em outros dois inquéritos, o empresário foi indiciado por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Fernando Sarney é investigado ainda por envolvimento em supostas irregularidades na construção da Ferrovia NorteSul. Procuradores e policiais suspeitam que ele seja um dos donos da Lupama, empresa envolvida num nebuloso contrato para a construção de um trecho da ferrovia. A Lupama foi contratada pela Constran, vencedora da licitação, para ajudar na execução das obras, orçadas em mais de R$ 40 milhões. Para os investigadores, o contrato não faz sentido, já que a Lupama não tem condições de fazer o serviço.
O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou irregularidades em parte das obras. Fernando Sarney não foi localizado.
O advogado do empresário, Eduardo Ferrão, não retornou recados deixado em seu celular.