Título: Protesto mostra respaldo a opositor de Chávez
Autor: Costa, Mariana Timóteo da
Fonte: O Globo, 22/03/2010, O Mundo, p. 29

Governador de Lara leva milhares às ruas e começa a ser visto como alternativa viável ao presidente venezuelano

CARACAS. As desavenças entre o presidente da Venezuela, Hugo Chávez,e o governador do estado de Lara, Henri Falcón, se intensificaram nofim de semana, e a oposição já começa a enxergar na figura de Falcónuma alternativa popular e ao mesmo tempo viável para o chavismo.

Falcónlevou, no sábado, milhares de pessoas às ruas de Barquisimeto capitaldo estado de Lara e terceira maior cidade da Venezuela quemanifestaram apoio ao repúdio do dirigente a uma decisão de Chávez dedesapropriar galpões da empresa de alimentos Polar para a construção decasas populares.

Ontem, em seu programa semanal AlôPresidente, Chávez chamou Falcón de um traidor que vai desaparecercomo todos os outros, e convocou a população de Lara a unir forçascontra os traidores.

Quem está com Falcón está contra Chávez. O povo de Lara me respeita. Chávez é o líder em Lara disse o presidente.

Sóque não é bem assim, como lembra Pedro Palma, professor do Instituto deEstudos Superiores de Administração (IESA) de Caracas. Segundo ele,Falcón é um político extremamente popular em Lara, eleito governadorcom mais de 70% dos votos em 2008 e que conta com índices semelhantesde aprovação como governador.

Ex-chavista, porém moderado,Falcón se desligou em fevereiro do Partido Socialista Unido daVenezuela, o PSUV, alegando diferenças com as políticas autoritárias.

Aliou-se ao Partido Pátria para Todos (PPT), um dos poucos movimentos de esquerda que decidiram não se incorporar ao PSUV.

A decisão de Chávez de desapropriar a zona industrial de Lara,anunciada em meados de março, foi claramente uma retaliação à rebeldiade Falcón explica Palma.

Ontem, Chávez pediu desculpas aos quesofrem com os cortes na eletricidade, mas disse que o governo estátrabalhando para o problema ser logo solucionado.

Sobre aperseguição à internet, outra atual polêmica de seu governo, Chávezdisse que não pretende controlar o acesso à rede, e sim ampliá-lo