Título: Dutra tenta superar as resistências internas
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 15/06/2009, Política, p. 4

Pré-candidato à presidência petista enfrenta restrições de caciques do partido e busca apoio nas tendências organizadas da legenda. Dutra: périplo em busca dos votos para ganhar a eleição interna do PT Apadrinhado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua busca pelo comando do PT, o chefe da BR Distribuidora, José Eduardo Dutra, sofre resistência de dois dos principais caciques petistas. O ministro da Justiça, Tarso Genro, e o ex-ministro José Dirceu estão em lados opostos dentro do partido e gostam de enfatizar suas diferenças, mas concordam em um ponto: Dutra não tem currículo suficiente para presidir a legenda durante ano eleitoral.

Na reunião da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB), que reúne a maioria dos militantes do PT, José Dirceu ficou tão isolado que não encontrou brecha para apresentar uma alternativa. Limitou-se a elogiar a decisão de levar Dutra à apreciação de outras correntes. Como tem dúvidas da força de Dutra como construtor da aliança em torno da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República, ficou alheio às negociações internas petistas.

Deputados e o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), acabaram vangloriando-se do resultado dizendo que a solução pelo chefe da BR Distribuidora é uma articulação própria sem intermediários, nem empurrada de cima para baixo pelos antigos comandantes petistas. Leia-se Dirceu.

Os organizadores da campanha pró-Dutra esperavam que a não adesão de Dirceu pudesse facilitar um entendimento com o grupo de Tarso Genro. Dutra reuniu-se com o ministro na semana passada, pediu apoio e detalhou o plano que gostaria de tocar no partido. Enfatizou a recomendação do presidente Lula para o PT priorizar a candidatura da ministra Dilma à Presidência da República, em detrimento das alianças estaduais.

Sergipano e ex-senador, Dutra chegou até a solicitar ao governador do estado, Marcelo Déda, ajuda para se aproximar do grupo de Tarso Genro. Em vão. Pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul, Tarso Genro viu-se ameaçado e preferiu ficar de fora. O ministro também está às turras com o CNB por ter identificado uma negociação para enfraquecê-lo e obrigá-lo a desfazer seu grupo, a Mensagem ao Partido. ¿Nós já temos uma candidatura, mas por ele (Dutra) ter nos procurado, vamos analisar o que foi proposto¿, disse, em tom diplomático, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). A tendência lançou a candidatura do deputado José Eduardo Cardozo (SP) e vai mantê-la.

O líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), apesar das dificuldades, mantém o tom otimista. ¿O Dutra pode unificar, senão todas, quase todas as correntes dos deputados que assinaram o manifesto¿, disse referindo-se ao recente documento de 54 deputados em defesa da unidade do PT. Até agora, o presidente da BR Distribuidora conta com o apoio de duas tendências, a Novos Rumos, de Vaccarezza, e a PT de Luta e de Massas, do deputado Jilmar Tatto.