Título: Juro para empréstimos a pessoas físicas cai a menor nível em 16 anos
Autor: Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 24/03/2010, Economia, p. 22

Taxa fica em 41,9% ao ano. Banco Central prevê nova mínima em março

BRASÍLIA. As taxas de juros que os bancos cobram das pessoas físicas caíram para 41,9% ao ano em fevereiro, o menor percentual da série histórica iniciada em julho de 1994, informou ontem o Banco Central (BC). O recorde anterior havia sido em dezembro de 2009 (42,7%) e um novo se anuncia para este mês: até o dia 10, a média de março já cedeu a 41,6%. A boa notícia para o consumidor foi patrocinada pela queda da inadimplência nos empréstimos a pessoas físicas, que diminuiu os riscos das operações para as instituições financeiras.

Em fevereiro, a taxa de inadimplência das pessoas físicas (calote superior a 90 dias) caiu de 7,6% para 7,2%, o menor nível desde junho de 2008 (7%), ou seja, antes da crise global. Já a diferença entre as taxas pagas pelos bancos para captar recursos e os juros cobrados do consumidor final o chamado spread bancário caiu para 30,8 pontos percentuais, o menor patamar desde junho de 1994.

(Esse cenário) Tem a ver com as perspectivas em relação ao emprego e à melhoria de renda afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.

Para empresas, os juros atingiram 25,9% ao ano em fevereiro, contra 26% em janeiro, o segundo menor patamar da série histórica, perdendo apenas para o piso de dezembro de 2007 (22,9% anuais).

Lopes afirmou que a redução das taxas ao consumidor final ocorreu a despeito de um aumento no custo de captação das instituições financeiras, diante das expectativas do mercado financeiro de que o BC deverá subir os juros básicos da economia a partir de abril. A redução do compulsório em R$ 71 bilhões (recursos que os bancos são obrigados a recolher ao BC), a partir de 1º de abril, também deve pressionar os juros de captação dos bancos e influenciar as taxas ao consumidor daqui por diante.

BC prevê expansão de 20% no crédito este ano Os juros do cheque especial continuam sendo um dos mais altos do país, embora tenham registrado uma pequena queda no mês de fevereiro, em relação a janeiro deste ano. A taxa ficou em 159,5% ao ano, contra 161,1% no mês anterior.

Mesmo assim, ainda está ligeiramente acima dos juros cobrados em dezembro de 2009 (159,1% ao ano).

As operações de crédito pessoal para pessoas físicas registraram taxa média de 43,8%, contra 44,8% no mês anterior.

Os juros médios sobre a aquisição de veículos caíram de 25,2% ao ano em janeiro para 24,1% ao ano em fevereiro.

Pelas expectativas do BC, o crédito deve crescer este ano, passando dos atuais 44,9% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) em fevereiro (R$ 1,43 trilhão) para 49% em dezembro de 2010. O BC espera crescimento de 20% no volume de empréstimos ao longo do ano. E, assim, o crédito deve continuar agindo como um dos principais motores da economia brasileira, segundo Lopes.

Os bancos públicos devem continuar puxando a expansão do crédito. Essas instituições fecharam fevereiro com 42% do total da carteira de crédito do país e devem expandir suas operações em 23% este ano. As instituições privadas nacionais, que detinham uma parcela de 40% do total, devem crescer 23% também, enquanto os bancos estrangeiros, com 18%, devem aumentar suas operações em 8%.

A taxa de 20% (de expansão no volume total de crédito da economia) não é tão forte a ponto de preocupar, nem tão fraca, pois deve impulsionar o crescimento econômico disse Lopes.