Título: Na Bahia, Dilma infla dados sobre emprego
Autor: Rocha, Vitor; Barbosa, Paixão
Fonte: O Globo, 27/03/2010, O País, p. 14

Lula afirma que parceria com a China para obra em Ilhéus foi votada por ministros e teve motivo ideológico

ILHÉUS (BA). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e apré-candidata do PT ao Planalto, ministra Dilma Rousseff, passaram odia entre Ilhéus e Itabuna, na Bahia, para inaugurar uma base dedistribuição do Gasoduto de Integração Sudeste-Nordeste (Gasene) elançar o edital de licitação da Ferrovia Oeste-Leste. Num discurso emtom de campanha, Dilma afirmou:

- Fomos nós que criamos mais empregos nos últimos tempos no mundo- disse, informando que se baseava em dados divulgados pela revistainglesa "The Economist".

Na entrega da base de distribuição de gás natural, havia cerca de 5mil pessoas no Parque de Exposições Antonio Setenta. Dilma discursourasgando elogios ao PAC, apesar dos atrasos nas obras de Norte a Sul:

- O PAC não é ficção e o Gasene hoje prova isso. É uma obranecessária para o país e para o Sul da Bahia - disse. E acrescentou: -Demos um show de competência aqui. Imaginem que foram feitas 151travessias nos rios e 88 passagens em estradas, passagens em ferrovias.Antes de começar esse gasoduto diziam para nós que o Brasil não ia tergás suficiente. Mostramos que conseguimos, existe gás para ser usadoimediatamente.

Em relação à obra do Gasene, Lula afirmou que a decisão de fazerparceria com os chineses foi lastreada no ponto de vista ideológico,uma vez que resultou de uma votação entre ministros do núcleo maispróximo a ele, do qual fazia parte o atual governador baiano, JaquesWagner (que era ministro do Trabalho, em 2004):

- A decisão de fazer com a China (é a empresa chinesa Sinopec, aresponsável pela obra) foi ideológica. Já tínhamos estudo e trabalhoavançado com o banco japonês para financiar a obra.

Lula recriminou parte da multidão que vaiou o ministro daIntegração Nacional, Geddel Vieira Lima, pré-candidato do PMDB aogoverno estadual e que está em linha de choque com o governador JaquesWagner (PT), candidato à reeleição.

- Precisamos separar um ato institucional de um ato político porquesenão, no dia seguinte, a manchete do jornal é "fulano foi vaiado".Então, não é correto isso - afirmou Lula. - O Geddel tem contribuídocom o governo. A gente não é obrigado a gostar de todo mundo, mas temosque lembrar que eleição é apenas um ato político.

Quanto aos problemas que a divisão de forças na Bahia poderá lhe causar, Lula transferiu o problema para Dilma Rousseff:

- Vai ser difícil. Mas muito mais dificuldade vai ter a minha candidata, que vai estar nos palanques.

No fim da tarde, antes de embarcar para São Paulo, Lula e Dilmaforam ao centro de Convenções de Ilhéus, para acompanhar o lançamentodo edital de licitação das obras de construção da ferrovia Oeste-Leste,que ligará o município de Figueirópolis, no Tocantins, ao Porto deIlhéus.

* da Agência A Tarde