Título: Dilma volta a pregar Estado regulador e indutor
Autor: Gois, Chico de; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 30/03/2010, O País, p. 10

Pré-candidata do PT critica governos do PSDB e diz que PAC-2 visa a "gerar felicidade"

BRASÍLIA. No lançamento da segunda versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), último grande evento público antes de se afastar do governo para concorrer à Presidência pelo PT, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, criticou a gestão de Fernando Henrique Cardoso e defendeu a atuação mais destacada do Estado como indutor e regulador. Estrela de uma festa para mais de mil pessoas, ela fez um discurso de 50 minutos mais longo que o de Lula (31 minutos) e começou as declarações de forma técnica, explicando o PAC-2, mas evoluiu para a seara política, intercalando avaliações positivas do PAC, de quem é considerada a mãe, com elogios a Lula.

Dilma procurou traduzir para a população o PAC: O PAC não é uma sigla, nem uma cifra e tampouco uma lista de obras. Ele também não é um canteiro de obras. É uma realização humana não só de um conjunto de brasileiros e brasileiras, mas de uma parceria muito forte, que construiu no Brasil uma equipe detrabalho e um monitoramento, para gerar felicidade.

O clima era de palanque. Sem citar nomes ou partidos, Dilma declarou que o governo do presidente Lula, ao tomar posse, encontrou um descaso na área de investimentos e que atravessou o deserto da estagnação.

Pródiga em elogios ao seu principal cabo eleitoral, Dilma se emocionou e até chorou ao dizer que se orgulhava de fazer parte do governo Lula: O governo Lula, o nosso governo, do qual nos orgulhamos muito de fazer parte, não aceita outro caminho que não seja o do desenvolvimento com distribuição de renda. Este é o Brasil que o senhor, presidente Lula, recuperou e construiu para todos nós. E que os brasileiros não deixarão mais escapar de suas mãos disse, emocionandose. O Brasil cresceu com o PAC e vai, espero, continuar crescendo com o PAC-2.

A ministra avaliou que, na recente História do país, o Brasil passou por três modelos de Estado: o Estado produtor ou empresário que, segundo ela, ocorreu na década de 50 e era centralizador e autoritário e acabava ele mesmo fazendo as obras; depois, no governo de FH, o Estado mínimo; e hoje um Estado indutor, regulador.

Era o Estado do não. Não tinha planejamento nem fazia alianças com empresários e não fez investimentos públicos. Podemos dizer que, antes de ser um Estado mínimo, foi um Estado omisso criticou.

E passou a qualificar o governo do qual faz parte.

Um Estado indutor, regulador, que cria condições para que as coisas sejam feitas e, ao mesmo tempo, cobra dos agentes econômicos que sejam bemfeitas.

Que entende, respeita o mercado, mas não se omite diante do mercado, pois coloca, no centro das preocupações, os direitos e a felicidade de cidadãos e cidadãs do Brasil.

Dilma disse que o Estado defendido pelo governo Lula não abre mão do seu papel de garantidor da distribuição de renda e permite a retomada do crescimento.