Título: Na despedida, o afago dos aliados
Autor: Gois, Chico de; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 30/03/2010, O País, p. 10

Festa para 1.200 convidados custou R$ 169 mil e atraiu 17 governadores; Serra e Aécio não comparecem

BRASÍLIA. Para a festa do PAC-2, foi alugado o mais sofisticado centro de convenções da capital. À União, o evento custou exatos R$ 169.165,22, segundo nota de empenho publicada ontem no Diário Oficial da União, mais despesas com acomodação e transporte dos convidados.

O valor é relativo ao contrato com a empresa Swot Serviço de Festas e Eventos, feito pela Presidência para a organização do evento. Os 1.200 convidados da festa foram recebidos com um coffee break. O barulho provocado do lado de fora por manifestantes do Sindisep e Ibama, pedindo reestruturação da carreira, sequer foi ouvido. Governadores, prefeitos e ministros eram só elogios.

Com uma blusa de babados, Dilma não transparecia animação. Desatenta, bateu palmas para ela mesma ao ser citada pelo presidente da CUT, Arthur Henriques. Dilma levou o plenário a corrigi-la, ao citar números errados.

Alguém podia trazer meus óculos! reclamou, irritada.

Longo e técnico, o discurso de Dilma deixou aliados preocupados. O governador Blairo Maggi (MT) bocejou.

Ao todo foram à festa 17 governadores aliados. Os tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), preferiram não dar palanque para Dilma. O governador tampão do Distrito Federal, Wilson Lima, também não foi visto. Lula tripudiou sobre a ausência dos adversários.

Se não vieram, é porque estão preocupados em gastar o dinheiro do PAC-1 e inaugurar o maior número de obras que puderem até 1° de abril.

Entre os aliados, estava o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB), cotado para vice de Dilma. Jaques Wagner (PT), governador da Bahia, afirmou: PAC deveria ser plano de aceleração da cidadania. Que Deus abençoe as novas ações pelas quais (a senhora) vai enveredar. Conte comigo e boa sorte.

O presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base, Paulo Godoy, e o da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, engrossaram os elogios: Temos de plantar para perpetuar o desenvolvimento disse Godoy.