Título: Na saída, prévia do clima eleitoral
Autor: Freire, Flávio; Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 01/04/2010, O País, p. 3
Tucano monta evento grandioso para seis mil pessoas e ônibus para convidados
SÃO PAULO. Antes mesmo da chegada ao Palácio dos Bandeirantes, o trânsito na região do Morumbi já mostrava a grandiosidade do evento que marcou a despedida de José Serra do governo de São Paulo. Para tentar dar fluidez ao tráfego intenso ¿ causado principalmente pelos cem ônibus pagos pelo PSDB para levar convidados do interior do estado ¿, agentes de trânsito abriram uma faixa no sentido contrário da avenida, que desemboca no portão principal do prédio.
Nem em dias de jogos no Estádio do Morumbi, que fica na vizinhança, há esquema tão rígido de engenharia de tráfego.
No jardim do palácio, as recepcionistas em tendas brancas davam as boasvindas às ¿altas autoridades¿, ¿parlamentares¿, ¿corpo consular¿ e ¿convidados em geral¿, cada um na sua fila.
Um aglomerado se formou na porta do auditório Ulysses Guimarães, onde deputados, senadores, secretários e quase seis mil pessoas esperaram por mais de uma hora a chegada de Serra. Prefeitos chegaram a brigar para se acomodarem nas poltronas reservadas às ¿altas autoridades¿, enquanto senadores tiveram de ser resgatados pelo cerimonial, após ocuparem as cadeiras reservadas aos deficientes.
O locutor animava a plateia, que foi ao delírio quando o telão acendeu e nele apareceu Serra no percurso de seu gabinete até o palco.
Nas imagens, o tucano, acompanhado da sua mulher, Mônica, distribuía acenos e sorrisos aos funcionários. No palco, abraçou auxiliares, distribuídos em três fileiras de cadeiras aveludadas e com o brasão do estado.
O governador fez pausas no discurso, principalmente quando o público gritava ¿Serra presidente¿ e ¿já ganhou¿.
O pré-candidato falou por 52 minutos. Encerrou aplaudido de pé, ovacionado.
Cercado por seguranças, Serra atravessou o auditório e foi para a sacada decorada com bandeiras de São Paulo e do Brasil, que dá para o jardim do palácio.
Quem não podia acompanhar, assistiu a tudo pelas televisões de plasma e um telão de LCD distribuídos no hall e na área externa do palácio. Cinegrafistas da produtora contratada pelo governo usavam pequenas gruas para gravar todos os passos do tucano.
Gesticulando muito, o governador falou por cerca de 15 minutos, e voltou para o gabinete, sem conversar com a imprensa. Preferiu usar o Twitter para fazer uma comunicação em massa, poucos minutos antes do discurso, ainda em seu gabinete.
¿Daqui a pouco, 3 da tarde, faço minha prestação de contas. E lembro meus compromissos de vida¿, disse ele no Twitter: ¿Bom, já estão me chamando... Até mais¿.(Flávio Freire, Leila Suwwan e Sérgio Roxo)