Título: Brasileiro cuida da saúde, mas não se exercita
Autor: Galdo, Rafael
Fonte: O Globo, 01/04/2010, O País, p. 14

Estudo mostra que número de doentes crônicos cresce graças ao sedentarismo; hipertensão é a doença mais comum

O brasileiro está cuidando mais da saúde, mas, em geral, faz poucos exercícios físicos, passa muito tempo em frente à TV e ao computador e, numa população que envelhece rapidamente, sofre de doenças crônicas que poderiam ser combatidas com uma vida mais ativa, como hipertensão, dores na coluna e artrite. É o que revela o suplemento de saúde da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada ontem pelo IBGE, no Rio. Pela primeira vez, investigou-se comportamentos que representam riscos à saúde, como o sedentarismo e o tabagismo.

O levantamento, realizado em parceria com o Ministério da Saúde, mostrou que a população está procurando mais o médico ¿ 67,7% em 2008, contra 62,8% em 2003 ¿ e também o dentista ¿ há dois anos, 88,5% já tinham ido ao consultório odontológico, frente a 84,1% em 2003. Por outro lado, quase um terço dos brasileiros, 59,5 milhões (ou 31,3%), disseram ter recebido o diagnóstico de pelo menos uma doença crônica, e 11 milhões (5,9%) tinham três ou mais.

A mais comum é a hipertensão, ou pressão alta, que atinge 14% da população, seguida pelas doenças da coluna (13,5%), artrite ou o reumatismo (5,7%), bronquite ou asma (5%), depressão (4,1%), doenças do coração (4%) e diabetes (3,6%). Em percentuais menores apareceram tendinite, insuficiência renal crônica, câncer, cirrose e tuberculose.

E como indica a pesquisa, quanto mais idosa a população, mais frequentes os casos dessas doenças. Em 2008, entre os que tinham 65 anos ou mais, o percentual dos que diziam ter algum tipo de mal crônico chegava a 79,1%. Para o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, os números da Pnad refletem o envelhecimento da população, e servem para direcionar novas políticas de saúde. Nesse sentido, ele destacou a necessidade de maior acesso, principalmente dos idosos, aos exercícios físicos: ¿ Não há dúvidas de que o sedentarismo, associado à mudança dos hábitos alimentares do brasileiro, estão levando a população ao sobrepeso e às doenças crônicas. Isso deve nortear novas ações de saúde.

Confirmando a relação entre envelhecimento, enfermidades e exercícios, são as mulheres as que têm maior longevidade (vivem, em média, seis anos a mais do que os homens); as mais atingidas por doenças crônicas (35,2%, contra 27,2% dos homens); e também as que praticam menos atividades físicas (21,9% delas para 35,1% deles).

Moradores do DF são os que mais fazem exercícios No total, apenas 41,7 milhões (28,2%) dos brasileiros com mais de 14 anos realizavam exercícios físicos ou esporte em 2008. E se fosse usado o critério da Organização Mundial de Saúde para identificar pessoas ¿ativas no lazer¿ (que realizam atividades físicas três vezes por semana), esse percentual caía para 10,2% (14,9 milhões de pessoas. Liderando esse ranking estavam os moradores do Distrito Federal, com 18% da população.

Também são do DF alguns dos maiores índices dos que passam horas assistindo TV, na frente do computador ou jogando videogame.

Em todo o Brasil, 92,4% das pessoas (o que equivale a cerca de 175 milhões) disseram ter visto televisão nos 30 dias anteriores.

Desses, quase a metade, 42,9% ou 75,2 milhões de pessoas, o faziam por três horas ou mais diariamente.

Quanto ao uso do computador e do videogame fora do trabalho, 29,6% (56,2 milhões) disseram ter feito isso nos 30 dias anteriores à pesquisa, dos quais 28,8% (16,2 milhões) faziam isso mais de três horas por dia, desta vez principalmente nos estados mais ricos, como DF, São Paulo e Rio, e na faixa etária dos 10 aos 19 anos.