Título: Comércio estável
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 17/06/2009, Economia, p. 11

Índice de média móvel das vendas no comércio aumenta 0,37% em abril. A despeito da alta, o percentual está inferior ao apurado em períodos anteriores. Na comparação com março, houve redução de 0,2%

Varejo: dados apurados pelo IBGE indicam continuidade de alta dos negócios no trimestre encerrado em abril, mas em ritmo mais lento Principal indicador de tendência do comércio, o índice de média móvel trimestral de vendas em lojas do varejo apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que os negócios no setor continuam apresentando pequeno crescimento, mas aproximando-se da estabilidade, o que indica perda de fôlego.

O índice registrou alta de 0,37% no trimestre encerrado em abril ante o terminado em março. O resultado da média móvel de abril mostra uma desaceleração em relação aos resultados apurados em março (1,01%) e em fevereiro (1,02%). A tendência de expansão ainda existe, mas o ritmo aponta para uma estabilidade. Na comparação de abril deste ano com igual mês do ano passado, as vendas aumentaram 6,9%. Entretanto, houve queda de 0,2% em abril ante março com ajuste sazonal.

Com o resultado até o quarto mês de 2009, as vendas do varejo acumulam alta de 4,5% no ano e de 7,1% nos últimos 12 meses. Dos oito grupos de atividades do comércio varejista pesquisados pelo IBGE, apenas dois registraram expansão em abril ante março: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,8%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (8,9%).

De acordo com o instituto, os demais resultados, na mesma base de comparação, foram negativos: combustíveis e lubrificantes (-0,8%); tecidos, vestuário e calçados (-1,7%); móveis e eletrodomésticos (-2%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-1%); livros, jornais, revistas e papelaria (-2,7%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,4%).

Crédito Para o técnico da coordenação de serviços e comércio do IBGE, Nilo Lopes, esses resultados devem ser entendidos como uma ¿estabilidade¿, apesar de considerarem o impacto que a crise financeira internacional provocou nas vendas desde setembro do ano passado. ¿O comércio está positivo, mas não está crescendo, e provavelmente não vai crescer, como ocorria até setembro do ano passado¿, disse.

Para a LCA Consultores, os dados mostram uma contração, mas a expectativa é que as vendas possam ser ampliadas em até 1% em maio. A previsão oficial da consultoria, segundo seu economista-chefe, Bráulio Borges, ainda está em alta de 0,70%. No entanto, segundo ele, pelas informações que têm sido passadas por empresários e executivos do setor da linha branca, há uma grande possibilidade de as vendas do comércio varejista em maio aumentarem acima de 1% na comparação com as de abril. ¿Os empresários têm informado que as vendas de linha branca têm crescido a patamares equivalentes a dois dígitos na comparação com maio do ano passado¿, disse Borges.

Nilo Lopes, por sua vez, salientou que o indicador acumulado em 12 meses das vendas varejistas passou de uma alta de 10,3% em setembro do ano passado para 9,1% em dezembro de 2008 e 7,1% em abril de 2009. Ele afirmou que os dados em 12 meses indicam que as atividades que mostraram desaceleração mais significativa foram aquelas vinculadas ao crédito, como móveis e eletrodomésticos (16,9% em setembro, para 15,1% em dezembro e 8,3% em abril) ou, no caso do varejo ampliado, de veículos, motos, partes e peças (21% em setembro, 11,9% em dezembro e 5,1% em abril).

Queda nos EUA As vendas de cadeias de lojas nos Estados Unidos caíram na semana terminada em 13 de junho, retrocedendo 0,6% em relação à semana anterior, anunciou o Conselho Internacional de Centros Comerciais (ICSC). O índice que mede essas vendas subiu 485,6 pontos contra 488,6 unidades na semana anterior, quando registrou um leve aumento de 0,2%. Em projeção anual, as vendas semanais registram queda de 1,5% depois de uma baixa de 0,8% no período terminado em 6 de junho. ¿Os consumidores limitaram seus gastos nesta semana, num momento em que os preços da gasolina alcançaram seus picos mais altos desde outubro de 2008, acompanhados de condições meteorológicas desfavoráveis¿, explicou Michael Niemira, do ICSC.