Título: No ano eleitoral, mais verba para PAC
Autor: Vasconcelos, Adriana; Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 06/04/2010, O País, p. 4

Na primeira reunião com novos ministros, Lula pede empenho nos projetos

BRASÍLIA. Na primeira reunião entre a nova equipe da Esplanada e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nos dois primeiros meses deste ano foi 136% maior do que em janeiro e fevereiro do ano passado. Os números confirmam tendência prometida ao longo do ano passado pelo próprio Lula de que o último ano de seu governo, e também de eleição, seria o "ano do investimento".

Segundo dados do site Contas Abertas, no primeiro trimestre deste ano, o total investido em obras do PAC chegou a R$3,9 bilhões. O valor é maior do que a soma do dinheiro liberado nos primeiros trimestres de 2007, 2008 e 2009 - um total de R$3,6 bilhões. Os recursos empenhados para o PAC também cresceram nos primeiros três meses deste ano, chegando R$6,7 bilhões.

No encontro, Lula orientou os recém-chegados ministros a não inventarem projetos e cobrou celeridade na execução das obras do PAC.

- O presidente Lula disse que todos os ministros devem assumir como sua a responsabilidade de acelerar os investimentos públicos, sobretudo os do PAC. As obras do PAC são prioritárias e têm de ser acompanhadas de perto, com equipe própria - disse o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, no fim da reunião. - O presidente pediu velocidade às obras, para que esse poder que o governo tem de induzir a economia, colocar dinheiro na economia, estimular emprego e renda seja cada vez maior, sobretudo neste ano.

Embora já tenha sido multado duas vezes pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Lula reafirmou na reunião ministerial que irá participar da campanha de Dilma e da dos aliados nos estados, à noite e nos fins de semana. Orientou os ministros a não misturar ações de governo com campanha e disse que todos devem prestar atenção na cartilha elaborada pela Advocacia Geral da União (AGU) com orientações sobre o comportamento dos agentes públicos durante o processo eleitoral.

Antes da reunião ministerial, que durou toda a manhã de ontem, no programa semanal de rádio "Café com o presidente", Lula deu o tom do encontro:

- Não é possível, faltando nove meses para terminar o mandato, alguém começar uma obra nova ou tentar inventar um programa. Nós precisamos consolidar os programas em andamento, concluir aqueles que precisam ser concluídos e que podem ser concluídos e, ao mesmo tempo, avançar o máximo possível nas obras já preestabelecidas, seja no PAC, seja no Minha Casa, Minha Vida.

Segundo Padilha, na reunião não foi discutida nenhuma campanha eleitoral específica, mas o ministro da AGU, Luís Inácio Adams, fez uma explanação sobre o que podem e o que não podem fazer os agentes públicos. A orientação é para que todos os ministros se comportem de acordo com a Lei Eleitoral, mas não deixem de inaugurar obras. O próprio presidente afirmou que pretende continuar as viagens pelo país para inaugurar obras do governo federal.

Alimentando a polêmica sobre ética com o PSDB, o ministro Alexandre Padilha disse que esse será "um ótimo debate""para as candidaturas petistas. Segundo Padilha, o PSDB e o DEM não têm moral para debater ética com o governo Lula.