Título: TCU alerta para nova onda da gripe suína
Autor: Fabrini, Fábio
Fonte: O Globo, 06/04/2010, O País, p. 11

Segundo tribunal, precariedade de serviços de saúde afeta tratamento. Farmácia Popular terá Tamiflu

BRASÍLIA. A precariedade dos serviços públicos de saúde compromete o tratamento da gripe suína no Brasil. A constatação está em relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), que acompanhou as medidas de combate e prevenção do Ministério da Saúde na primeira onda de ataque à doença, inverno passado. Os técnicos concluíram que, sobrecarregada, a estrutura de atendimento não foi capaz de oferecer resposta ágil em caso de agravamento, como recomenda o próprio governo, o que prejudicou o uso do antiviral Tamiflu nas condições adequadas.

O ministério recomenda uso do medicamento a grupos de risco ou quem apresenta acometimentos respiratórios mais graves. Conforme os auditores, embora o acesso a ele exigisse avaliação médica, o Sistema Único de Saúde (SUS) não a ofereceu a contento. A equipe ressalta que, utilizado nas primeiras 48 horas, os antivirais podem evitar muitas mortes. Entre 15 países, o Brasil foi o que teve mais óbitos (899) na pandemia.

Segundo o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, as despesas aumentaram em 40%, em comparação ao mesmo período de 2008, para suprir a carência de profissionais. Na comparação com outros seis países (Estados Unidos, México, Chile, Argentina, Uruguai e Reino Unido), o Brasil foi o que registrou demanda superior à normal nos serviços de saúde por mais tempo (cinco semanas entre julho e setembro).

Em votação, os ministros do TCU decidiram encaminhar o relatório ao governo para possível aprimoramento das políticas. O texto diz que a oferta do Tamiflu foi suficiente, mas pondera que a demanda para o próximo inverno é imprevisível. Lembra que a onda mais letal da gripe espanhola (1918/1919) foi justamente a segunda, devido às mutações do vírus causador.

A partir deste mês, o Tamiflu estará disponível na Farmácia Popular. A Roche deve fornecê-lo ao mercado a partir de maio. Questionado, o ministério informou que, fora vacinação e compra de remédios, investiu R$525 milhões no atendimento público e distribuirá um guia sobre a doença a 300 mil médicos e 292 mil enfermeiros.