Título: Projeção de inflação em alta
Autor: Alencar, Emanuel; Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 06/04/2010, Economia, p. 19
Mercado começa a prever aumento maior na taxa de juros
BRASÍLIA. As expectativas sobre o crescimento da inflação, tanto neste ano quanto em 2011, estão cada vez maiores, segundo pesquisa Focus do Banco Central (BC) divulgada ontem. Com isso, o mercado já começa a apostar que a alta da Taxa Selic em abril ¿ dada como certa ¿ poderá ser de 0,75 ponto percentual, embora a média das projeções seja de 0,5 ponto. Nos dias 27 e 28 de abril, o Comitê de Política Monetária (Copom) reúnese novamente. Os juros estão em 8,75% ao ano.
¿ As medidas serão tomadas (com aumento da taxa de juros básicos) para afetar 2011. Já é bastante claro que o centro da meta de inflação (de 4,5% pelo IPCA) não será alcançado neste ano ¿ explicou o economista-chefe da Máxima Asset Management, Elson Teles.
De acordo com o Focus, o mercado calcula que o IPCA fechará 2010 a 5,18% ¿ no levantamento anterior, eram 5,16% ¿ e, no próximo ano, a 4,74%, 0,4 ponto percentual a mais do que a estimativa passada. Além do ritmo mais forte da economia, com a demanda crescendo mais do que a oferta, os especialistas também enxergam nos preços das commodities, como petróleo e metálicas, outro vilão da inflação a médio prazo.
Teles lembra que, comparado com um ano antes, os preços do minério mais do que dobraram no mundo todo, justamente num momento em que as economias ¿ sobretudo as emergentes, como a brasileira ¿ fazem fortes investimentos para garantir o crescimento.
¿ Por outro lado, o câmbio não está ajudando, sem valorizações ¿ acrescentou o economista.
Pelo Focus, o mercado prevê expansão do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos) de 5,52% no Brasil este ano e de 4,50% em 2011.
Com tanta pressão nos preços, o mercado não tem dúvidas sobre a alta da Selic este mês, ainda mais depois da ata do último Copom afirmar que a diretoria acredita ser necessário um ajuste na política monetária.
A Selic está fixada em 8,75% ao ano desde julho de 2009. Para o fim deste ano, o mercado projeta a taxa a 11,25% anuais e para 2011, em 11%.
Sobre o câmbio, o mercado manteve seus cálculos em R$ 1,80 para o fim de 2010. Para 2011, ampliou as projeções de R$ 1,85 para R$ 1,90.