Título: Euforia causa confusão na festa dos tucanos
Autor: Vasconcelos, Adriana; Fabrini, Fábio
Fonte: O Globo, 11/04/2010, O País, p. 11

Área reservada às autoridades foi invadida por militantes; Serra e FH tiveram que esperar numa sala apertada

BRASÍLIA. Diante de um público muito maior do que o esperado, de cerca de seis mil pessoas, os tucanos perderam o controle da organização da festa de lançamento da candidatura de José Serra. Cercado por quatro seguranças e duas assessoras, Serra chegou ao auditório sem ser anunciado, caminhando com um sorriso tímido, até que subiu ao palco lotado, meio cambaleando, enquanto correligionários tentavam abrir espaço também para o ex-presidente Fernando Henrique.

Diante do tumulto provocado pela invasão dos militantes na área reservada para as autoridades, Serra e Fernando Henrique foram retirados do local. Os dois acabaram abrigados numa minúscula sala de som, enquanto a mestre de cerimônias, a apresentadora de TV Ana Hickmann, pedia no microfone que o palco fosse esvaziado. Só depois eles puderam voltar. E, devido à confusão, foi o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), quem abriu o evento, em nome do ex-presidente tucano.

Em contraste com a imagem de um político sisudo, Serra tentou mostrar sensibilidade ao longo de seu pronunciamento, com alguns improvisos carregados de emoção. Iniciou o discurso pedindo um minuto de silêncio às vítimas da tragédia das chuvas no Rio de Janeiro. E fez questão de homenagear Zilda Arns, ex-presidente da Pastoral da Terra, morta em janeiro, no terremoto do Haiti, e a ex-primeiradama Ruth Cardoso, também já falecida. Em outro momento, interrompeu o discurso para se dizer honrado com a presença do deputado cassado Roberto Jefferson, presidente do PTB, e de outros representantes de pequenos partidos.

Do lado de fora, a confusão não era diferente. Na entrada, integrantes do grupo Filhos de Ghandi tocavam agogô e cabaça, enquanto uma baiana caracterizada distribuía cinco mil fitinhas de Nosso Senhor do Bonfim aos convidados