Título: Dilma: tucanos representam a República Velha
Autor: Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 11/04/2010, O País, p. 12

Pré-candidata do PT defende movimentos sociais e chama Serra de covarde, sem citá-lo

SÃO BERNARDO DO CAMPO (SP).

Saudada com gritos de Dilma presidente por um auditório lotado, a pré-candidata petista aproveitou o palanque de ontem, oferecido pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, para fazer um discurso sobre sua trajetória e personalidade, permeado de ataques velados ao PSDB.

Acabou chamando de covarde a atitude de José Serra com os professores grevistas, disse que os tucanos representam a República Velha e declarou o fim dos exterminadores de empregos e do futuro.

Na parte de seu discurso que foi preparada antecipadamente, Dilma optou pelo tema do que ela não faz de jeito nenhum, em alusão ao que consideram que é feito pelo tucanato.

Começou por Eu não fujo e terminou com Eu não entrego o meu país. E insistiu que a comparação de gestões deve ser feita, ao contrário do que pregam seus adversários.

Eu não traio o povo brasileiro disse Dilma. Eu não entrego o meu país. Jamais me verão tomando decisões que signifiquem a entrega das riquezas ou das empresas a quem quer que seja. Não vou destruir o Estado, diminuindo seu papel a ponto de tonar-se omisso ou inexistente.

Dilma taxa tucanato como passado No item Eu não apelo, Dilma insinuou ser vítima de ataques de mercenários da calúnia.

Vocês não verão Dilma Rousseff usando métodos desonestos e eticamente condenáveis para ganhar. Não me verão usando mercenários para caluniar e difamar adversários disse.

Mais tarde, Lula se referiu às acusações, que circulariam na internet, de que Dilma seria terrorista, devido à sua atuação na resistência contra a ditadura.

A petista tocou no assunto indiretamente: Não fujo quando a situação fica difícil. Eu não tenho medo da luta. Posso apanhar, sofrer, mas sempre estou firme nas minhas convicções. Mudei quando o Brasil mudou. Mas nunca abandonei o barco.

À plateia de cerca de 700 sindicalistas, afirmou que respeita os movimentos sociais como força da expressão democrática do país.

Democrata que se preza não agride os movimentos sociais.

Não trata grevistas como caso de polícia. Isso é coisa da República Velha. Não se bate em manifestantes que estejam lutando pacificamente pelos seus interesses legítimos. Isso é covardia! disse, em referência aos recentes embates da greve dos professores em São Paulo.

Ela citou novamente as viúvas da estagnação que são nossos oponentes e afirmou que o país não quer voltar a esse passado: Acabou o tempo dos exterminadores de emprego, dos exterminadores de futuro.

Dilma compartilhou a mesa com os líderes da seis centrais sindicais CUT, Força, UGT, CGTB, Nova Força e CTB , dois ministros, Carlos Lupi (Trabalho) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), e outras autoridades. Também estavam presentes a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, citada como candidata ao Senado pelo PT, e o senador Aloizio Mercadante, que acabou sendo lançado ao governo de São Paulo.

Lançado ao governo de SP, Mercadante ataca Serra Sem assumir a candidatura, Mercadante fez um discurso crítico da gestão de José Serra no estado, citando a falta de investimento em infraestrutura, educação e saúde. Segundo ele, o tucano aumentou a carga tributária e não conseguiu resolver o problema da segurança pública e nem do transporte público.

O governo Serra não conseguiu resolver a crise do trânsito e do transporte público de São Paulo. Hoje, o trabalhador de São Paulo perde, em média, duas horas e 43 minutos no trânsito de São Paulo. Muitos perdem até quatro horas. É um tempo em que se poderia ficar com a família ou fazendo hora extra, mas fica-se parado no trânsito de São Paulo. Os tucanos não fizeram metrô e não melhoraram os trens de São Paulo disse Mercadante, apesar de o governo José Serra ter feito 28 estações de metrô e trem em quatro anos.

Após receber apoio dos sindicalistas para a campanha ao governo estadual, o senador também foi elogiado por Lula: Os tucanos fazem alternância de poder, mas estão aqui desde 1982, já está criando teia de aranha! O Aloizio Mercadante é a possibilidade de a gente fazer de São Paulo uma democracia verdadeira disse Lula, que praticamente lançou a candidatura de Mercadante ao governo de São Paulo. (Leila Suwwan)