Título: Lula interfere nas decisões do PT nos estados
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 11/04/2010, O País, p. 15

Para integrantes do partido, projetos regionais estariam sendo sacrificados para favorecer a campanha de Dilma

BRASÍLIA. Depois de escolher a ex-ministra Dilma Rousseff como presidenciável do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua ditando regras para o partido em vários estados. Oficialmente, o PT não admite a ingerência.

Mas integrantes da cúpula do partido admitem que Lula tem agido para formar os melhores palanques para Dilma, ainda que sacrificando projetos regionais da legenda.

O maior esforço do presidente Lula é pela desistência das pré-candidaturas petistas do exministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel da disputa ao governo de Minas, em favor da candidatura do ex-ministro das Comunicações Hélio Costa, do PMDB, partido que dá sustentação ao governo e está comprometido com o projeto Dilma.

O presidente tem trabalhado para solucionar impasses entre aliados que possam causar problemas para Dilma. Como fez no Rio de Janeiro, ao forçar a retirada do ex-prefeito Lindberg Farias da disputa ao governo estadual, para que o PT apoie a reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB).

Os petistas reclamam que as articulações de Lula possam enfraquecer bancadas de deputados federais e senadores. Mas não conseguem barrar a influência de Lula nos estados.

Lula pode enfraquecer o PT, ao jogar as fichas só em Dilma advertiu um deputado petista preferindo o anonimato.

O presidente do PT, José Eduardo Dutra, rebateu as críticas, e disse que o projeto prioritário é a eleição de Dilma: A prioridade é Dilma, isso foi uma decisão do partido disse, reconhecendo a força de Lula para solucionar impasses regionais: O Lula entra no final, para resolver.

Na semana passada, Lula sacramentou com o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), sua candidatura ao Palácio dos Bandeirantes. Apesar do favoritismo nas pesquisas do exgovernador tucano Geraldo Alckmin, Lula disse que daria prioridade à campanha de Mercadante em São Paulo, o que fez o senador largar uma reeleição praticamente certa.

O Lula disse que eu tinha que ser o candidato em São Paulo, com base nas pesquisas disse Mercadante.

Lula também tenta solução para outros partidos. Em conversa com o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), garantiu que ele seria seu candidato à reeleição no Rio, afirmando que Sérgio Cabral teria que abrir espaço para os aliados na sua chapa.

No Maranhão, Lula também deverá agir, se for atender aos apelos do aliado José Sarney.

Contrariando a recomendação de Lula, o PT estadual decidiu não apoiar a reeleição de Roseana Sarney (PMDB), aprovando o apoio à candidatura do deputado Flávio Dino (PCdoB) ao Palácio dos Leões. Depois disso, Lula já sinalizou que gostaria muito que Dino disputasse o Senado.

Dino, porém, diz que a candidatura está consolidada