Título: Chance de expansão para a região
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 11/04/2010, Economia, p. 28

Defensores da obra dizem que projeto terá que servir de modelo

ALTAMIRA (PA). Como contraponto às ONGs e à Igreja Católica, que se uniram contra a construção de Belo Monte, os empresários locais e outras entidades formaram um grupo para defender a usina. Para eles, o empreendimento é a única oportunidade visível de levar desenvolvimento à região, alavancando novos negócios e aquecendo a economia local.

Sob o guarda-chuva do Fórum de Desenvolvimento Econômico e Sócio-ambiental da Transamazônica (Fort), que reúne 170 entidades dos 11 municípios que sofrerão impacto direto e indireto com a hidrelétrica, eles estão em mobilização permanente e discreta.

O empresário Vilmar Soares, ex-presidente da Associação Comercial e coordenador-geral do Fort, elenca argumentos a favor da implantação da usina.

Mas admite também que várias questões ainda precisam de respostas.

Por si só o projeto não é bom. Só o será se for resolvido o problema fundiário da região e o asfaltamento da Transamazônica.

Temos ainda os compromissos a serem assumidos pelos empreendedores alerta.

Conhecedor dos detalhes do projeto e do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), Soares argumenta que todas as obrigações com a cidade e os moradores estão publicadas e podem ser reivindicadas na Justiça: Temos relatórios oficiais que dizem o que deve ser feito na região e as obrigações dos vencedores do leilão. Se eles não forem cumpridos, podemos e devemos recorrer judicialmente.

Usina é emblemática para outros empreendimentos Uma autoridade do setor elétrico reforça sua convicção na obra: Belo Monte é emblemática para o futuro das usinas na Amazônia. Como será ali que a maior parte das futuras hidrelétricas será construída, o empreendimento será acompanhado com interesse redobrado, principalmente por seus opositores.

Se as coisas não seguirem rigorosamente o que está no papel, as autoridades sabem que terão dificuldade em conseguir novos licenciamentos na região. Isso não interessa ao setor elétrico e às empreiteiras.

Belo Monte tem de ser um exemplo de rigor avalia.

Para o empresário Valdir Nazaretti, paranaense de 43 anos, que chegou na região com seis anos na esteira da abertura da Transamazônica, a obra é a única esperança de permanecer na cidade.

Dono de uma loja de material de construção, Nazaretti não consegue fechar seu caixa no azul desde o ano passado. Se a obra não sair até o fim do ano, ele já decidiu vender tudo e tentar a sorte em Manaus.

O comércio local gira em torno de R$ 100 milhões por ano e a expectativa é pelo menos dobrar durante a obra. A região deve receber R$ 2,8 bilhões para compensação e mitigação de danos sócio-ambientais. (G.P.)