Título: Limpeza ética distante
Autor: Rocha, Marcelo
Fonte: Correio Braziliense, 11/06/2009, Política, p. 2

A revelada nomeação de Dimitrios Hadjinicolau para a Secretaria de Estágios do Senado simboliza a dificuldade que a Casa tem para promover a prometida limpeza ética. Pipocam as denúncias de irregularidades desde o ano passado ¿ ora em contratos com prestadoras de serviço, ora na distribuição de cargos comissionados ou nas cotas aéreas e do auxílio-moradia dos senadores ¿, mas pouco se viu até agora para estancá-las. Há duas semanas, o Correio denunciou que o funcionário Aloysio Brito Vieira, investigado pela Polícia Federal no episódio das licitações fraudadas assim como Dimitrios, fora nomeado para trabalhar numa comissão especial encarregada de inventariar o patrimônio. O servidor disse que desconhecia o ato, que algum colega o quis ajudar. É subestimar a capacidade do contribuinte, que paga uma conta anual superior a R$ 2,7 bilhões para manter o Senado em funcionamento. José Sarney entregou a vassoura a Heráclito Fortes. O senador do DEM piauiense encampa o discurso da arrumação. No entanto, de tantas amarras políticas costuradas nos últimos anos entre senadores e o alto comando burocrático da Casa fica difícil avançar. Para citar apenas um exemplo: foram anunciadas auditorias em todos os contratos com terceirizadas. O trabalho têm identificado uma série de irregularidades, como sobrepreço e excesso de funcionários contratados. Muitas dessas contratações, porém, têm sido renovadas porque não houve tempo de fazer novas licitações. E, assim, segue o Senado. (MR)