Título: Disposição pela metade
Autor: Brito, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 11/06/2009, Política, p. 4

Um jogo de cena tem sido escrito nas duas últimas semanas em torno da instalação da CPI da Petrobras. Senadores da base aliada não aparecem na sessão marcada para instalar a comissão de inquérito. Boicotam-na com o discurso de que perderam o cargo de relator da CPI das ONGs. A oposição, por seu lado, esperneia e leva seus integrantes para criticar a manobra dos governistas. ¿Não se pode investigar a Petrobras? Com isso, (a empresa) terá um salvo-conduto¿, criticou o líder tucano.

O roteiro das três sessões da CPI revela que os senadores da base aliada vão tentar adiar, se possível para agosto, o início da investigações. Acreditam que podem até, se não surgirem fatos contundentes, esvaziar por completo a CPI. Os oposicionistas pretendem brigar publicamente pela comissão, mas, em privado, alguns não têm feito força. A aliados, o senador Álvaro Dias é um dos que mais se queixam da falta de ímpeto dos colegas de oposição.

¿É uma invenção que partiu do Planalto¿, rebate o líder do DEM, Agripino Maia ( RN). Nem tanto assim. Sempre colado no PSDB, integrantes do Democratas não chancelaram em peso a investigação contra a estatal. Três dos 14 senadores da bancada não aderiram ao pedido de CPI. Apesar de sempre estarem presentes nas sessões, os tucanos também não colocaram a comissão como principal objetivo da agenda legislativa. Para alguns, a obstrução ¿seletiva¿ ¿ quando alguns projetos do governo não são barrados por manobras regimentais ¿ confirma uma disposição parcial sobre a CPI. (RB)