Título: Marina critica a apologia do medo
Autor: Scofield Jr., Gilberto
Fonte: O Globo, 12/04/2010, O País, p. 4

Pré-candidata do PV lamenta troca de acusações entre Dilma e Serra

SÃO PAULO. A pré-candidata do PV à Presidência da República, a senadora Marina Silva, disse que depois de tanta luta pela democracia no Brasil não se pode fazer nas eleições deste ano a apologia do medo, em referência às acusações que os seus dois adversários, o tucano José Serra e a petista Dilma Rousseff, fazem um ao outro. Segundo ela, um país que está pronto para um debate legítimo de ideias não deve polarizar as discussões em torno de nomes e muito menos de comparações entre os governos dos presidentes Fernando Henrique e Lula.

Durante a pré-convenção do partido em São Paulo, que lançou a candidatura de Fábio Feldman ao governo do estado e Ricardo Young ao Senado, Marina disse que o Brasil é maior do que cada um individualmente:

- O Brasil está pronto para um debate legítimo e fraterno de ideias e não para que se crie um estereótipo do medo. O medo dos que querem dividir o país e medo dos que querem entregar o país. Nós não precisamos ter medo, vamos acender a esperança.

Ao lançar a sua pré-candidatura à Presidência, o ex-governador José Serra criticou o discurso do PT sobre a divisão do país em classes e regiões. Já a ex-ministra da Casa Civil criticou as privatizações realizadas durante a administração tucana.

- Fala-se em união, mas ainda há um velho paradigma. Quem se unir em torno de mim é o bem, quem ficar do outro lado é o mal. O mal para um é dividir o Brasil entre ricos e pobres. Para o outro é que se unam em torno dele próprio para fugir dos entreguistas - disse Marina, acrescentando: - No começo da campanha, foi proposto foi um plebiscito entre o passado do governo FH e Lula e isso não é visão estratégica de país. Depois, sugeriram uma disputa de currículos. Isso também não é visão estratégica de país. Não costumo taxar meus adversários, mas essa eleição vai exigir de nós uma nova atitude.

Frente a uma plateia de mais de mil pessoas que compareceram à convenção, no bairro de Pinheiros, a ministra disse ainda que o país não depende de gerentes, mas de visão estratégica.