Título: Brasil e EUA assinam acordo de parceria militar
Autor: Martins, Marília
Fonte: O Globo, 13/04/2010, O País, p. 13

Compromisso abre caminho para a Embraer vender até 200 aviões que serão usados pela Marinha americana

WASHINGTON. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, assinaram ontem um acordo de cooperação militar no Pentágono, que servirá de pré-requisito para que a Embraer possa participar de uma concorrência internacional para a venda de até 200 aviões Supertucanos P-29 que serão usados pela Marinha americana.

Jobim disse que a empresa brasileira poderá concorrer contra um fabricante suíço. A primeira parte do contrato prevê a entrega de cem aviões. Se for renovado, outros cem serão fornecidos aos americanos.

Estamos assinando o acordo militar como uma exigência preliminar para concorrer a um contrato de fornecimento de cem aviões. O acordo militar assinado hoje foi um passo que viabilizou a entrada do Brasil na concorrência, mas são dois assuntos diferentes. Uma coisa é termos assinado o acordo, nos mesmos termos que fizemos com vários países, e outra é a venda dos tucanos. Não misturamos os dois temas, assim como não misturamos o tema da compra de aviões americanos.

Os assuntos são separados disse Jobim.

O ministro não disse o valor do contrato nem falou em prazos, mas acrescentou que, embora exista pressão dos EUA para que o Brasil compre caças americanos, o tema da venda de aviões brasileiros está sendo tratado de forma separada. A americana Boeing é uma das empresas que disputam a concorrência para o fornecimento de caças ao Brasil, ao lado da francesa Dussault e da sueca Grippen.

A assinatura do acordo de cooperação militar aconteceu dias antes da viagem de Gates para a América Latina. Ele visitará a Colômbia e Peru, e participará de uma conferência de segurança em Barbados, no Caribe.

No ano passado, a assinatura de um acordo de ampliação do uso de bases militares colombianas por forças americanas causou preocupação nos países latino-americanos. Jobim disse que o acordo assinado com Gates foi comunicado aos governos dos países da Unasul para que houvesse total transparência. Gates comentou a assinatura do acordo: Este acordo leva a um aprofundamento das relações entre Brasil e EUA quanto à cooperação no plano da defesa. E demonstra o quão efetivamente podemos enfrentar desafios comuns quando trabalhamos em parceria. O acordo vai também expandir áreas de mútuo interesse, incluindo pesquisa e desenvolvimento, logística, segurança tecnológica e aquisição mutual de produtos e serviços de defesa. Vai fortalecer a capacidade militar dos dois países e prover oportunidades de desenvolvimento industrial.