Título: China cresce 11,9%, superando expectativas
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Fonte: O Globo, 16/04/2010, Economia, p. 30

Alta foi maior em 3 anos e aumenta pressão sobre yuan. Governo anuncia ações para conter bolha imobiliária

PEQUIM e WASHINGTON. A economia chinesa saltou 11,9% no primeiro trimestre, ante igual período do ano anterior, alimentando perspectivas de aperto monetário. Ontem mesmo, poucas horas após a divulgação do resultado trimestral, o governo chinês anunciou medidas mais rígidas para a concessão de crédito imobiliário e, assim, afastar o risco de uma bolha no setor. O avanço do Produto Interno Bruto (PIB) chinês também deve aumentar a pressão internacional por uma apreciação do yuan.

Alguns analistas já apostam que uma decisão nesse sentido deve ser tomada depois de maio.

O crescimento de 11,9% é o maior desde 2007 e superou a expectativa do mercado, cujas projeções ficaram ao redor de 11,5%. De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas da China, ele foi impulsionado pelo pacote oficial de estímulos, de US$ 580 bilhões, lançado ano passado. Além disso, a expansão se deu sobre uma base fraca para parâmetros chineses: no primeiro trimestre de 2009, quando o impacto da crise global foi mais sensível, o PIB cresceu 6,2%.

¿ Agora que a economia da China está crescendo 12% é hora de o país partilhar parte desse crescimento com o resto do mundo por meio de uma apreciação da moeda ¿ afirmou Glenn Maguire, do Société Générale em Hong Kong.

Diante dos números de ontem, o analista sênior da Shenyin Wanguo Securities acredita que a valorização do yuan ¿aconteça logo depois de maio, embora de forma controlada e lenta¿.

Inflação chinesa cai 0,7% em março, ante fevereiro Mas o governo chinês não deu sinais ontem de que isso acontecerá em breve. Segundo o Escritório Nacional de Estatísticas, ¿estamos diante de um ambiente externo complicado, porque globalmente estamos vendo uma recuperação lenta e desigual¿.

Em visita aos EUA esta semana, o presidente da China, Hu Jintao, disse que uma decisão referente ao yuan seria tomada com base nas necessidades do país.

Outos dados divulgados ontem deverão pesar nessa equação: inflação e atividade industrial.

Em março, o índice de preços ao consumidor caiu 0,7% ante fevereiro. Em relação a março de 2009, subiu 2,4%, mas abaixo dos 2,7% de fevereiro nessa base de comparação. Por outro lado, a produção industrial cresceu 18,1% em março, indicando demanda crescente.

Embora alguns analistas apostem em uma alta de juros, ontem o governo chinês se limitou a anunciar ações para conter a especulação imobiliária. A partir de agora, quem comprar uma segunda casa terá de dar entrada de 50% do valor do imóvel. E os juros das hipotecas subiram.

Paralelamente, a China vem reduzindo o volume de títulos da dívida americana em seu poder.

Em fevereiro, houve queda de 1,3%, para US$ 877,5 bilhões.