Título: Mantega prorroga IPI menor para construção
Autor: Almeida, Cássia; Gomes, Wagner
Fonte: O Globo, 16/04/2010, Economia, p. 27
Ministro alega que corrida por compra de materiais levou a alta nos preços e que benefício incentiva investimentos
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem, em visita a um estaleiro em Niterói, que vai prorrogar a redução das alíquotas de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para materiais de construção civil. A medida, que terminaria no fim de junho, passará a valer até dezembro.
¿ A compra de material de construção é espaçada no tempo.
Está havendo uma concentração de pedidos, uma afobação com o fim do benefício, o que atrapalha o setor e encarece os produtos.
Levantamento feito pelo GLOBO esta semana em lojas de materiais de construção constatou altas de até 20% em itens com o imposto reduzido.
Segundo Mantega, o motivo da prorrogação foi um acúmulo de pedidos do setor. Ele explicou que a desoneração é um estímulo ao investimento, pois cerca de 45% da formação bruta de capital fixo ¿ parcela da economia voltada para o aumento da capacidade produtiva ¿ são formados pela construção civil.
¿ Essa medida diminui a pressão sobre o setor. É o único incentivo que o governo vai manter.
Na verdade, estamos estimulando o investimento ¿ disse o ministro, ao participar de evento no estaleiro STX, em Niterói.
Associação alertou para risco de desabastecimento O presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Cláudio Conz, comemorou o anúncio. Ele fez o pedido de prorrogação em almoço com Mantega, sexta-feira passada, na Feira Internacional da Indústria da Construção (Feicon Batimat 2010).
Na ocasião, entregou-lhe um estudo da FGV que mostrava que a redução do IPI levaria aumento de 1,34% do PIB brasileiro e de 1,27% do nível de emprego em 24 meses.
¿ Mostramos ao ministro que havia um número grande de antecipação de compras de material de construção devido às contratações fechadas nos últimos quatro meses do programa Minha Casa, Minha Vida.
Fiquei surpreso com uma decisão tão rápida.
Segundo Conz, a antecipação nas compras de materiais poderia levar a desabastecimento e alta de preços.
Minha Casa, Minha Vida só cumpre 40% da meta Um ano após o programa Minha Casa, Minha Vida ser lançado, foram contratadas 408.674 unidades pelo programa de habitação popular ¿ apenas 40,8% da meta de um milhão de casas, perfazendo um total de R$ 21,5 bilhões em contratos. Até agora, o governo conseguiu entregar apenas três mil casas, segundo levantamento divulgado ontem pela Caixa Econômica Federal.
No Amapá, as contratações ficaram em 0,3% (15 de 4.589) da meta. No Rio, foram contratadas 25.126 moradias (33,7%).
¿ Para um ano, estamos contratando da maneira como se esperava ou melhor ¿ disse o vice-presidente de Governo da Caixa, Jorge Hereda.
Há dificuldades para atender às famílias com renda de até três salários mínimos. Falta de terrenos ou preço elevado das terras têm sido os obstáculos.
No Distrito Federal nada foi contratado para esse segmento. No Estado do Rio, foram contratadas 14.133 unidades de uma meta de 29.863.