Título: Sindicatos tentam ofuscar festa de Serra
Autor: Vasconcelos, Adriana; Portela, Marcelo
Fonte: O Globo, 08/04/2010, O País, p. 9

Ato está sendo preparado para receber Lula e Dilma no ABC paulista

SÃO PAULO Representantes de seis centrais sindicais - CUT, Força Sindical, UGT, Nova Central, CGTB e CTB - preparam um grande evento para a ex-ministra Dilma Rousseff, em São Bernardo do Campo, no próximo sábado - dia do lançamento da pré-campanha de José Serra (PSDB), em Brasília. Além de Dilma, o presidente Lula também é esperado.

No ato estão previstos elogios e um balanço positivo da gestão petista, mas também serão cobradas de Dilma promessas de maior intervenção e regulação das relações trabalhistas. Batizado de "Mais e Melhores Empregos", o evento espera reunir cerca de 700 convidados.

A previsão é que as manifestações populares fiquem fora do auditório, para evitar que os discursos se tornem um comício. Apesar do cuidado das centrais de não declarar o endosso institucional antecipado a qualquer candidato, o clima deverá ser de campanha aberta por Dilma Rousseff. Um dos motes será a recordação da relação ruim do PSDB com os sindicatos, a exemplo da atual greve de professores em São Paulo.

- Faremos o evento com outros candidatos também, para influenciar a elaboração dos programas de governo - disse o presidente da CUT, Arthur Henrique.

Dilma conta com o apoio sindical por representar a continuidade da gestão Lula. Questionado sobre a avaliação de como seria uma era petista "pós-Lula", Henrique disse acreditar que Dilma conseguirá manter o diálogo:

- Dilma tem mais capacidade do que as pessoas imaginam. É a pessoa que mais conhece o governo Lula hoje. E, com o trabalho que realizou na Casa Civil, é a pessoa que mais conhece o Brasil e as ações do governo em cada área - afirmou o sindicalista.

Encontro com outros candidatos ainda não tem data

Não há previsão das datas dos encontros com os demais candidatos, mas o clima é azedo para o candidato tucano.

- A visão que temos está muito definida. A avaliação que temos do PSDB, mas não necessariamente do Serra, é muito ruim. Sofremos muito no governo Fernando Henrique Cardoso. Não concordamos com a visão deles de Estado mínimo, com um papel apenas regulatório e fiscalizador, mas sem estrutura para fiscalizar - disse Henrique, acrescentando que o governo federal negocia com grevistas, o que, segundo ele, não ocorre na atual greve dos professores em São Paulo, que é comandada por um sindicato filiado à CUT e ligado ao PT.