Título: Aliados pressionam Lula a conceder reajuste maior, de 7,7%, a aposentados
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 08/04/2010, O País, p. 10

Vaccarezza sustenta que 7% é o máximo de aumento autorizado pelo governo

BRASÍLIA. Mesmo depois de ter concordado em aumentar para 7% o reajuste dos aposentados que ganham benefícios acima do salário mínimo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viu sua base rachar e está sendo pressionado por líderes do próprio governo a aceitar reajuste maior, de 7,7%. Ontem, os líderes do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), decidiram apoiar proposta de reajuste de 7,7%, alegando que ela unificaria a base aliada tanto na Câmara como no Senado. Mas o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), que ontem conversou com ministros e até com o presidente, reagiu e avisou: 7% é o limite autorizado pelo governo.

Antes de saber do encontro dos senadores, Lula conversou com Vaccarezza, disse que 7% era "o limite" e que o líder não aceitasse "um centavo a mais". Ao saber da posição no Senado, Vaccarezza reclamou com o próprio Jucá.

Informação é que a oposição no Senado aceita reajuste

No final da tarde, Jucá e Ideli se reuniram com parlamentares favoráveis aos aposentados, como o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), e o senador Paulo Paim (PT-RS). Na conversa, foi dito que os partidos da base concordariam na Câmara e no Senado com a proposta de inflação mais 80% do PIB, e até a oposição no Senado aceitava.

Depois do encontro, realizado em seu gabinete, Jucá disse que conversaria com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

- Espero que o ministro Mantega possa fazer esse arredondamento de 7% para 7,7%. Temos que falar com o chefe do cofre. Já conversei com parlamentares do PMDB, do DEM e do PSDB e todos concordam em aprovar uma proposta de 7,7%. E, assim, conseguimos a parte mais difícil, que é ter acordo. Se não fizermos o acordo, o Senado vota um reajuste maior. Os senadores vão fechar com a Câmara - disse Jucá.

O aumento de 7% custaria um adicional de R$1,1 bilhão anual ao governo, e corresponde à concessão da inflação do período mais 50% do PIB de 2008. Já o aumento de 7,7% custaria R$1,7 bilhão anual e equivale à inflação mais 80% do PIB de 2008, proposta original das entidades dos aposentados.