Título: Lula quer manter queda do IPI para automóveis
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Fonte: Correio Braziliense, 11/06/2009, Economia, p. 16

Presidente se posiciona a favor da redução definitiva do imposto, diferentemente dos ministros da Fazenda e do Desenvolvimento

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que é favorável a tornar permanente a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a indústria automotiva. ¿Minha posição é de que precisamos transformar isso em uma política permanente¿, disse em entrevista à agência Reuters.

Em dezembro de 2008, o governo anunciou a redução do IPI sobre os automóveis novos para estimular a venda de veículos e conter a queda na produção e no desemprego no setor automotivo. A medida, que venceria em março, foi prorrogada até 30 de junho. Ao falar sobre o IPI, Lula comentou que, se necessário, o Brasil adotará medidas adicionais para impulsionar a economia e que a política não deve interferir em decisões do Banco Central sobre os juros básicos na economia.

O posicionamento do presidente a favor de tornar permanente a redução do IPI na venda de carros novos foi manifestado dois dias depois de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmar que o governo não tinha a intenção de estender o prazo de vigência do benefício tributário. Mantega chegou a recomendar às pessoas interessadas em comprar um automóvel zero quilômetro que aproveitasse os últimos dias do imposto menor.

Também no primeiro escalão do governo, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, havia se posicionado contra a prorrogação. Miguel Jorge antecipou seu posionamento durante encontro no ABC paulista, berço da cadeia automotiva no país.

Reforma tributária Também na seara da economia, o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT/RS), informou que a base aliada está decidida a votar o projeto da reforma tributária, que está parado na pauta de votações da Casa. Segundo Fontana, que participou da reunião do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com líderes da base aliada, o tema começará a ser discutido em plenário na próxima semana e pode ser votado em duas ou três semanas, mesmo que não seja fechado um acordo com a oposição.

A intenção dos governistas, segundo Fontana, é que a matéria seja apreciada antes do recesso parlamentar, que se inicia em 17 de julho. ¿A reforma tributária é importante para a economia, pois simplifica o sistema de impostos, acaba com a guerra fiscal e desonera os investimentos¿, disse o deputado, argumentando que a crise não é motivo para não se votar a matéria. Fontana ressaltou que o governo vai procurar os partidos de oposição e retomar conversas com os governadores para viabilizar um consenso maior a favor da reforma.

O parlamentar destacou que os governadores terão garantia de que não perderão receitas por conta do Fundo de Equalização de Receitas definido no texto da reforma. Fontana afirmou que, mesmo que não seja fechado acordo com a oposição, o governo votará a matéria. Ele destacou ainda que o governo não quer que o projeto seja votado de forma fatiada. ¿Não vamos retaliar a reforma¿, disse.

Após encontro ontem com o presidente Lula em Brasília, o governador de São Paulo, José Serra, disse que o tema da reforma tributária não foi tratado na conversa. A despeito disso, ele criticou a proposta em discussão no Congresso. ¿Uma das coisas mais horrorosas que já vi na minha vida de parlamentar, na minha vida pública, é esse projeto de reforma tributária. Deixa o Frankenstein no chinelo.¿