Título: Ministro culpa clima
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Fonte: Correio Braziliense, 11/06/2009, Economia, p. 17

O recuo do PIB agrícola é consequência de problemas climáticos e não se deve às turbulências que varreram o mundo depois do estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos. A avaliação, feita ontem pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, é uma tentativa do governo demonstrar que fez o dever de casa e apoiou o campo no que foi necessário. ¿Não teve nada a ver com crise ou com crédito¿, disse Stephanes.

De acordo com o ministro, a atividade rural é marcada por altos e baixos ao longo de ciclos históricos motivados, em especial, pela influência do tempo. ¿Os últimos anos foram muito bons, em termos de clima, para a agricultura. Uma queda agora chega a ser normal, pois é influência de uma situação climática¿, observou. Stephanes reforçou que as perdas de um ano sempre são acompanhadas por uma recuperação ainda maior no ano seguinte. O ministro justifica sua tese com a informação de que a área plantada neste ano foi idêntica à utilizada em 2008. ¿Só o Paraná perdeu 6 milhões de toneladas (de grãos)¿, justificou.

Estimativas oficiais feitas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam mês a mês uma safra de grãos menor, mas Stephanes adverte que o governo não observa essas revisões com temor. ¿A queda não é surpresa, aguardo queda de até 8%¿, disse. Nas contas da Conab, a colheita de 2009 será de 134,15 milhões de toneladas. Em relação ao próximo período, Stephanes está otimista: ¿A expectativa de plantio é boa. A soja, por exemplo, está com um bom desempenho e tudo indica que continuará assim no próximo ano¿, afirmou.

O Ministério da Agricultura estima que a renda agrícola para 2009, baseada nos levantamentos da safra de maio, seja de R$ 155,2 bilhões para as 20 principais lavouras. Essa expectativa, no entanto, é 3,8% menor em valores reais que o resultado de 2008, que alcançou R$ 161,39 bilhões. ¿Os preços agrícolas de alguns produtos tendem a se recuperar nos últimos meses¿, analisou o coordenador-geral de Planejamento Estratégico do Ministério, José Garcia Gasques, por meio de nota. Entre os produtos que apresentam aumento de renda o ministério destacou a uva (202,7%), o cacau (19,7%), o arroz (17,7%) e a mandioca (14,6%). Num patamar abaixo estão: amendoim (11,1%), cana-de-açúcar (9,8%), batata inglesa (8%), laranja (3,1%), e, em nível bastante inferior de aumento, a banana, (0,5%).