Título: Anvisa: proibida vacina para H1N1 em farmácias
Autor: Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 14/04/2010, O País, p. 13

Agência diz que produto em drogarias pode ser falso. Governo recorrerá de decisão que obriga imunização no Paraná

BRASÍLIA. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fez ontem um alerta nacional sobre o risco de comercialização de vacinas falsificadas contra a gripe suína. A agência informou que farmácias e drogarias não têm autorização para vender esse tipo de vacina. Em tempos de imunização contra a gripe suína (H1N1), o órgão avisou que farmácias que estiverem aplicando a vacina estão oferecendo um produto falsificado ou contrabandeado.

Na última sexta-feira, a Anvisa apreendeu vacinas falsificadas contra a gripe no município de Dom Cavati (MG). Como o produto é falso, o órgão não consegue precisar os efeitos para quem o utilizou, mas recomenda que quem recebeu a dose procure o serviço de saúde.

¿ A gente ainda não sabe o que está dentro dessa vacina e não sabemos o que pode ocasionar nas pessoas que tomaram.

Pode ocasionar desde uma reação alérgica simples até reações adversas mais graves ¿ afirmou o assessor chefe de Segurança Institucional da Anvisa, Adilson Bezerra.

O dono da farmácia que comercializava e aplicava vacinas falsas foi preso. O material está sendo periciado.

Ontem, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse que o governo vai recorrer da decisão da Justiça do Paraná determinando que toda a população daquele estado receba imunização contra a gripe suína.

Temporão argumentou que não é possível cumprir a decisão, pois a medida significaria que pessoas mais suscetíveis a contrair a forma grave da doença ficariam sem a imunização em outras partes do país: ¿ O Ministério da Saúde discorda, recorrerá da decisão.

Para cumprir a ordem do juiz do Paraná, vou ter de tirar a vacina de alguém que está no grupo de risco e tem mais probabilidade de vir a adoecer e morrer, para dar a alguém no Paraná que não precisa.

A ação proposta na Justiça pelo Ministério Público Federal (MPF) para imunizar toda a população do Paraná determina que seja apresentado um novo calendário de vacinação no prazo de dez dias. O Ministério da Saúde teria 20 dias para encaminhar as doses necessárias para atender a toda a população paranaense.

Temporão disse ontem que está preocupado com a baixa adesão de grávidas, doentes crônicos e jovens saudáveis à campanha de vacinação. Esses grupos foram os mais afetados pela forma grave da doença no ano passado. O ministro lembrou que a vacina é a única ferramenta segura de prevenção disponível. Até agora, 20,4 milhões de brasileiros já foram imunizados. Entre as grávidas, somente 48,7% receberam uma dose contra a doença. No grupo de doentes crônicos, a adesão foi de 44,2% e entre os jovens de 20 a 29 anos, de apenas 20,2%.

¿ Continuo preocupado com três fatores: primeiro a adesão das mulheres grávidas ainda é baixa e é um paradoxo, porque elas são, talvez, o grupo com maior risco de desenvolver as formas graves e morrer.

(Entre) os doentes crônicos, ainda estamos com uma cobertura baixa. E (entre) os jovens de 20 a 29 anos saudáveis, também.

Então, essa turma tem que se ligar. É muito importante, a vacina é segura. É a única forma de proteção contra a doença ¿ disse o ministro.