Título: Eles não acreditavam que o Brasil podia mais
Autor: Freire, Flávio; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 15/04/2010, O País, p. 10
ELEIÇÕES 2010: Já com 37 ministérios, presidente defende criação de mais um, para microempresas, por sucessor
Em evento em São Paulo, Lula ironiza slogan de Serra, sem citá-lo, e volta a criticar gestão de antecessores
SÃO PAULO e BRASÍLIA. Numa crítica ao slogan "o Brasil pode mais", adotado pelo pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em São Paulo, que o país tem mais oportunidades para o futuro e ironizou a suposta falta de ações de seus antecessores. Segundo ele, sem citar nomes, outros governantes não acreditavam no potencial do Brasil.
- O Brasil sempre pode mais. O Brasil pode tudo. Eu sou o maior otimista de que o Brasil pode muito. É só a gente acreditar na gente. É uma pena que quando eles (da oposição) governaram não acreditavam que o Brasil podia mais - afirmou Lula, após participar, ao lado do governador tucano de São Paulo, Alberto Goldman, do 21º Congresso Brasileiro do Aço.
Mais cedo, em Brasília, Lula defendeu a criação de um ministério voltado para as micro e pequenas empresas. No encerramento da semana de capacitação do Sebrae, o presidente disse que o mesmo ministro não pode cuidar das questões das grandes e das pequenas empresas. Lula afirmou, porém, que não tomará essa iniciativa, porque está deixando o governo, que já conta com 37 ministérios.
- É incompatível o mesmo ministro que está preocupado com os problemas da Gerdau, estar preocupado com o problema da companheira de Brasília que veio aqui. São dimensões tão diferentes que um mesmo ministro não pode tomar conta - disse Lula, referindo-se a uma microempresária que falou no evento. - Eu não vou fazer mais isso agora, porque também não vou criar ministério em final de governo. Mas estou apenas dizendo que vocês não podem prescindir de ter uma representação do micro e do pequeno empresário.
O "ponto G" para melhorar o desempenho das empresas
No discurso, falando para dirigentes do Sebrae e pequenos empreendedores, Lula cobrou mais ousadia do setor. Ao sugerir que pequenos e microempresários saiam pelo país e pelo exterior, especialmente África e América Latina, vendendo seus produtos e serviços, disse que eles precisam encontrar o "ponto G" na criatividade dos negócios. E, discretamente, também repetiu expressão semelhante ao lema de Serra: "O Brasil pode mais"".
- Tem que saber, na ponta da língua, quantos são do Sebrae e o que ele pode fazer, para a gente poder aproveitar este momento de ouro que o Brasil está vivendo, o momento de autoestima, em que todo mundo quer fazer as coisas, todo mundo está acreditando e todo mundo pode mais um pouco. Se não for assim, a gente não faz nada.
Em São Paulo, no evento em que discursou para empresários, Lula pediu aos convidados para que não demonizem os candidatos à Presidência. Sem citar a pré-candidata petista, Dilma Rousseff, deixou claro que teme problema semelhante ao que enfrentou quando foi candidato:
- Quero pedir que, como estamos em ano eleitoral, não deveríamos permitir que esse processo crie qualquer transtorno na política de investimento. Por favor, acabou aquela história que acontecia quando eu participava da eleição: "Aí vem o demônio". Acabou. Quem entrar vai ter que ter juízo.