Título: Brasil não deve dizer a chineses o que fazer
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 15/04/2010, Economia, p. 26

Para O"Neill, China já decidiu apreciar yuan. Para "NYT", é preciso pressão

BRASÍLIA e NOVA YORK. O economista-chefe do Goldman Sachs, Jim O"Neill, disse ontem em entrevista à Reuters que Brasil, Índia e Rússia não deveriam pressionar a China por mudanças no câmbio. Ele concorda com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que um yuan flexível seria melhor para a economia mundial, mas frisa que a China caminha nesse sentido. Portanto, afirmou, "os brasileiros não deveriam dizer aos chineses o que devem fazer".

- Os chineses não dizem aos brasileiros o que eles têm que fazer, logo, os brasileiros não deveriam dizer aos chineses o que eles devem fazer - disse O"Neill, de Londres, em entrevista por telefone.

A China está sob forte pressão dos EUA para valorizar sua moeda. Esta semana, o presidente chinês, Hu Jintao, esteve com o americano Barack Obama, em Washington, onde discutiram a questão. Obama pediu que o país adotasse uma taxa de câmbio "orientada ao mercado", mas Hu afirmou que qualquer decisão seria tomada com base "nas necessidades econômicas e sociais" da China.

Em editorial publicado ontem, o "New York Times" defendeu a posição americana e ressaltou que "a melhor forma de persuadir a China a mudar (sua política cambial) é por meio de uma pressão sustentada por muitos países". Para o jornal, a ação conjunta tornará mais difícil para a China se esconder por trás dos argumentos de que essa é uma decisão soberana e das acusações de que vem sendo assediada por grandes potências. O "NYT" diz ainda que o câmbio chinês é "um problema global", pois distorce o comércio internacional.